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Conrado de Castro Valise
Criar Ituverava

...onde estará meu Sabiá?

O dia estava tão triste que nem mesmo a chuva tinha ânimo de cair. No céu, em vão, tentava um arco-íris meio apagado sobrepor-se sobre o cinza melancólico. Um réquiem tomava conta de meus ouvidos e dava-me anseios fúnebres. Ocorria tudo novamente.

Anos antes, morava eu em uma cidadezinha típica de interior. A mesmice, do cotidiano resumia-se a esperar o dia seguinte. O mais interessante de lá era um mendigo mágico que dizia transformar dinheiro em cachaça - e de fato o fazia, com o vigor de um adolescente. Nem mesmo o Sabiá dava-nos mais o ar de sua melodia. Quanta tristeza...

Tudo ia mal, até que um dia eis que ouço a notícia de uma tal de Pasárgada. Promessas de aventuras e amores eternos encheram meu peito de uma vontade de mudança incontrolável. Não pensei duas vezes, abandonei esses cansados passarinhos e fui em busca dos refrescos do reino.

O lugar parecia mesmo encantado. Os fartos banquetes da realeza, a alegria dos cabarés e suas dedicadas moças. A beleza era tamanha que não me surpreenderia se me deparasse com Eva banhando-se no rio de águas límpidas. Havia encontrado meu lugar; dali não sairia, dali ninguém me tirava.

Todas as tardes contemplava aqueles encantos, até que um dia o ouro ofuscou. O rei, que pensara que eu fosse um nobre, nunca fora meu amigo. As damas da noite já não mais queriam namorar-me. Acabou-se a fantasia.

Da minha janela, mirava o rio agora tristonho e lembrava-se o quão belo era o riacho da minha aldeia. O céu compadeceu comigo, mas as lágrimas não animavam de cair. Um arco-íris meio apagado em vão tentava alegrar-me. O tédio fazia-me de vítima novamente. Em meus ouvidos, sussurravam-me demônios idéias não cristãs. Saudades de um belo canto...