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Laura Bueno Motta
Criar Ituverava

Pequenos gestos, grandes intenções

Promover atos heróicos, retratar a ousadia de um povo necessitado em conquistar projeções mundiais e representar a soberania de uma nação são verdadeiros anseios da humanidade que busca incessantemente a estereotipação de indivíduos, posteriormente transformados em heróis. Desde tempos remotos, a consagração de cidadãos julgados superiores pela sociedade tornou-se uma maneira de imortalizar um país ou mesmo contribuir para o enriquecimento de grandes capitalistas, preocupados em vender a imagem de um herói para pessoas desinformadas quanto ao significado do produto.

Em se tratando de símbolos marcantes na história, Che Guevara é um dos mais divulgados. Principalmente jovens utilizam roupas cujo retrato do comunista está em destaque. O problema é que grande parte desse público desconhece quem foi esse revolucionário e o que representou em épocas passadas. Outros idolatram Lenin e Stalin, socialistas e torturadores russos que destruíram a vida de milhares de pessoas. Existem ainda os espectadores de Napoleão Bonaparte, imperador Francês que excluiu classes menos favorecidas de participação política e social.

São esses seres humanos alienados que fecham os olhos e evitam enxergar que os reais heróis não passam de pessoas simples, com um cotidiano sacrificado e uma existência desvalorizada. Esses "Josés" que " possuem a chave na mão mas não conseguem abrir a porta" transcendem o universo literário e são, infelizmente, encontrados na realidade atual. Indivíduos como eles deveriam ser reconhecidos, já que são grandes vencedores, cruelmente marginalizados do contexto social.

Dessa forma, pela necessidade de superar fracassos e incompetências, a valorização de falsos heróis continua a ser imposta na era contemporânea. A maioria da população não procura perceber a hipocrisia ao consagrar pessoas que não merecem tal importância. O correto seria reparar cidadãos insignificantes e despercebidos mediante uma sociedade que desconsidera as relevantes contribuições desses injustiçados.

Por meio de uma mudança de conceitos heróicos, a moral e a ética far-se-iam  presentes em civilizações mundiais. Ao invés de a humanidade exaltar "grandes" feitos de indivíduos sem conteúdo, ela poderia perceber a quantidade de pessoas que, através de pequenos gestos, mas grandes intenções, tentam tocar o vazio e despertar a esperança que existe no outro. O país necessita desses guerreiros. Heróis como o Burrinho Pedrês que apesar da "carga de algodão" conseguiu ter seu valor e dignidade reconhecidos ao cumprir seu destino, "rodando no mutirão".