Eduardo Coutinho mostra no documentário "Edifício Master" o quão é possível integrar diferentes povos e culturas. Na verdade, é praticamente necessário. Paredes separam os 273 apartamentos de um mesmo edifício. Corredores interligam pessoas adversas, de etnias e idades nem um pouco semelhantes. Enquanto alguns, dali, conectam-se ao mundo com internet banda larga, outros, em seus sofás, ouvem suas antigas músicas com discos de vinil. O exercício da tolerância garante vitória aquele que suporta conviver e entender as diferenças existentes. Iracema enfrentou a fronteira entre os brasileiros. Vantagem e desvantagem confrontam-se no momento em que a integração dos índios transforma-se em assunto polêmico.

O "round" entre índios e homem brancos realmente instalou-se, no livro de José de Alencar, no instante em que Iracema e Martín perceberam a não existência de uma fronteira entre eles. A paixão que possuíam enfrentou obstáculos múltiplos devido à história diferente e confrontadora que existia entre seus povos. Uns possuidores de armas de fogo, outros armados com lanças de madeira. O grau de desenvolvimento não se pode discutir. No entanto, o enfrentamento entre eles era descaradamente injusto. Nenhum sociólogo teve a honra de explicar os verdadeiros porquês de tais confrontos. Não se pôde esclarecer que aquilo fazia parte dos tijolos construidores de um novo povo. E até hoje, essas estarrecedoras fronteiras fazem-se presentes. Caiapós atacam engenheiro, índios da reserva Roosevelt matam vários garimpeiros. Essa não integração é responsável por tais violências que se farão presentes até que a conscientização de que esse povo diferentemente igual faz parte de uma mesma nação.

O famoso personagem de Mário de Andrade, Macunaíma, ficou conhecido como herói nacional. Pressuponho que recebeu esse título por ter colaborado em estabelecer uma identidade de um povo consideravelmente novo. Andamos com "jeans" estadunidenses e plataformas italianas pelo caminho entre a igreja protestante e o centro espírita. Essas não são características de um povo sem personalidade e, sim, a personalidade de um povo. Macunaíma reconheceu isso. A miscigenação de sua personalidade nos dá permissão para perceber que uma política de inclusão, principalmente do índios, deve ser pregada. Um tanto quanto utópico, no entanto, um respeito e uma tolerância para com aqueles merecedores de inclusão minimizaria as discrepâncias sociais.

Dentre os corredores desse master edifício chamado Brasil a compreensão e tolerância entre iracemas e macunaímas estabelece a convivência quase que harmoniosa. Dificilmente fala-se em perfeição. Porém, a interligação entre índios e a considerada sociedade gera a integração à civilização, ao mundo tecnológico e digital, dessa forma, o convívio um pouco mais junto se estabelece. Sem esquecer-se de que dentro de cada apartamento costumes divergentes fazem-se presentes caminhamos para uma diminuição da tão discutida diferença social. Que desejemos "boas-vindas" aos já integrantes dessa nação.