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Lígia Megale
Criar Campinas

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Desde que os primórdios decidiram viver em grupos, houve a necessidade da estipulação de algumas regras e limites para que a convivência em conjunto fosse minimamente organizada. Em um passado menos distante, a sociedade tornou-se uma instituição mais sólida e essas regras, chamadas por Thomas Hobbes de "Contrato Social", também se solidificaram dando origem às leis regidas pela constituição.

Atualmente, como se não bastassem o bom senso e o formalismo das leis escritas, novas formas de limitar e ordenar as pessoas e suas atitudes foram impostas pelo capital e pelo governo de forma excessiva. É essa a idéia que o grupo "Contra Filé", de forma criativa e pertinente, exprimiu ao expor uma catraca sobre um pedestal no centro de São Paulo. Essa manifestação artística, mais do que gerar polêmica quanto ao número de catracas físicas em ônibus ou estádios, propôs também a necessária discussão sobre o excesso de limites e controles na sociedade.

Desde a infância, o indivíduo é submetido às catracas do sistema. Se deseja ter um ensino básico de qualidade, é preciso que alguém possa pagar por essa educação. Se há dinheiro, a catraca da esperança por um futuro promissor se abre, se não há ela trava e espera o próximo da fila. Quanto aos adultos que querem trabalhar com público, a catraca é outra: se a estética do cidadão é aceita a catraca desliza, caso contrário ela certamente emperrará.

Não menos importantes são as catracas burocráticas ao sistema que só liberam passagem àqueles que tiverem determinados pré-requisitos comprovados por documentos específicos. Ainda mais rígidas e também sugeridas pelo grupo "Contra Filé" são as catracas mentais, movidas a conceitos pré-estabelecidos e mal fundamentados. É o exemplo de muitos homossexuais que, por um bloqueio ideológico imposto desde a sua formação, permitem que suas catracas mentais limitem seus parceiros e amores.

Conclui-se que a atitude do grupo "Contra Filé" é perfeitamente justificável, ao passo que as motivações para sua manifestação são baseadas na análise crítica da realidade atual. Ao invés de aceitar o sistema de catracas com subserviência, o grupo, de forma artística, alertou para a possibilidade futura da descatracalização da vida de modo inteligente e esperançoso.