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Liege Tambelini Gomes
Criar Ribeirão Preto

Em busca de uma epifania

Sem consciência, Jacinto vivia preso aos padrões econômicos e culturais. Em Tormes via a beleza natural, mas era cego para as chagas sociais. Porém, um momento epifânico o fez perceber que não se deve desviar o olhar daquilo que possibilita um crescimento. Assim, ele rompe a hipocrisia e cria condições políticas de igualdades básicas.

No 202 dos Campos Elísios, novas tecnologias excluíam Jacinto para ele as incluir em sua vida. Assim é o capitalismo que nos retira a singularidade para nos enquadrar em uma individualidade consumível. Após o ato da prisão, os presidiários tornam-se invisíveis diante da sociedade. Mas, rompem essa invisibilidade ao aderir a uma identidade vendida pela mídia através de produtos. Porém, aqueles que lutam contra a escravização do sistema são por ele cuspidos à margem da sociedade. Os moradores de rua tornam-se elementos da paisagem urbana que a sociedade se acostumou a desviar o olhar.

De família portuguesa, Jacinto se vestia como um francês, lia jornal inglês e completava sua artificialidade com uma flor de plástico no bolso. Os padrões culturais retiram-nos a consciência de que a dignidade não está no exterior mas sim no interior. O estudante de psicologia Fernando Braga possuia status e conhecimento e era respeitado por colegas e professores, porém, ao vestir traje de gari, tornou-se invisível. Uma simples roupa desencadeou um errôneo pré-julgamento de superioridade e a anulação de um indivíduo frente a um grupo social.

Um menino magro e pálido fez Jacinto enxergar os miseráveis de Tormes. A sociedade precisa das diversas funções como gari e catadores de lixo, então por que abafá-los? Jacinto reconstruiu as casas e aumentou o salário daqueles miseráveis, o governo deve garantir educação para que eles entendam e não sejam meros fazedores de serviços, deve garantir a aposentadoria e direcionar mais projetos para os catadores de lixo e deve criar condições básicas como saúde, alimentação e abrigo para aqueles que por opção são moradores de rua.

Jacinto precisou de um choque com a realidade dos miseráveis para enxergar a invisibilidade que existe na sociedade. Fernando Braga precisou se vestir de gari. Resta sabermos qual será nossa epifania para que retirando nossas amarras econômicas e culturais possamos ser aqueles atores que por trás do pano permitem que o espetáculo da vida flua e assim com ações governamentais e com o fim da hipocrisia possamos criar condições igualitárias, visíveis e básicas.