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Fernando Souza Lopes
Criar Ribeirão Preto

Rebanho de carneirinhos

"Eu tenho um sonho". Martin Luther King, ativista contra a discriminação racial. O ideal de igualdade de Luther King transmutou-se. O sonho não é mais ter direitos iguais. O sonho é ter cabelos iguais, olhos, corpo, roupas iguais a dos brancos ocidentais. Influência da mídia e da indústria de cosméticos, ávida por lucros. Imposição de uma sociedade que apregoa a superioridade branca em todos os quesitos.

A padronização é uma canção de ninar para os ouvidos capitalistas. A obsessão gera consumistas incontroláveis, os maiores focos da mídia e dos produtos de cosméticos. Guiados pelos outdoores loiros, comerciais brancos, filmes de olhos azuis, sociedades alteram suas características genéticas, seja cor da pele, olhos puxados ou cabelos encaracolados. O consumo elevado atrai as indústrias produtoras e os anunciantes. Estes incitam mais as transformações. Obcecada, a massa consumidora dificilmente acorda.

A vida imita a arte. Ou seria a arte que imita a vida? O marketing reflete uma situação concretizada na sociedade. Os estamentos medievais são na sociedade moderna impostos pela aparência. Cargos elevados dificilmente são preenchidos por negros. Têm estes menos requisitos? Não, menos aceitação. Inúmeros Obamas e Hamiltons até chegam ao topo. Mas a gravidade parece para eles ser maior, e dos inúmeros, poucos não caem da cama. Um incentivo social aos delírios de ser tornar branco, livre de outdoores e comerciais, mais palpável, sofrível.

Irracionalidade e perturbação mental podem transformar o sonho em coma. É quando os remédios passam a gerar câncer, cirurgias deformam irreversivelmente. Em busca de padrão ocidental, já nítido até mesmo em seus desenhos infantis, asiáticos chegam ao extremo de implantar próteses em suas pernas para se tornarem altas. A obsessão que gera a inconseqüência é a mesma que transforma tradição em vergonha. Os costumes europeus e norte-americanos vistos como ideais e todo o resto, como pesadelo, valem para muitos sonâmbulos, o preço de uma queimadura.

A Klu Klux Klan está obsoleta. As novas maneiras de impulsionar o racismo mostram-se muito mais eficientes. A padronização da beleza em moldes europeus cria um rebanho de carneirinhos, padronizados e hipnotizados, encantado pelo outro lado da cerca, o ocidental-norte. Um sonho bem diferente do de Luther King e muito favorável aos lucros empresariais.