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Beatriz A. Olion
Criar Ribeirão Preto

Pão, chão e não

O trabalho enobrece o homem, e empobrece o animal. Nessa frase "enobrecer" não tem o sentido de tornar nobre moralmente, mas capitalisticamente: enriquecer. E a palavra "animal" não se refere os mamíferos quadrúpedes em florestas, mas a seres-humanos em galpões. O trabalho no Brasil não permite a conciliação de sobrevivência com dignidade, pois os animais vendem suas ideologias e sua auto-estima para comprar a sobrevivência, mas, na selva esse produto nunca é entregue sem defeitos de fabricações.

Os animais vendem suas ideologias a preços variados. Alguns a 20 reais por dia, como os que segurem faixas e bandeiras de candidatos a alguns cargos políticos e costumam trabalhar para um candidato durante o dia, outro durante a noite e votar em um terceiro. Outros vendem a 200 reais por dia como advogados e publicitários de partidos políticos que, invariavelmente, não votem no partido para o qual trabalham. Um seleto grupo vende a 2000 reais por dia, como atores e atrizes ao fazer propaganda de produtos que nunca usaram. Mas o comprador dessas ideologias exige a dignidade dos animais como brinde.

Os animais também vendem sua auto-estima e moralidade, através da lavagem do dinheiro. Os animais classe média acabam por dispensar seu diploma universitário para conseguir emprego em concursos púbicos para lixeiro. Os outros animais também limita-se a empregos com invisibilidade social, como vasculhar o lixo alheio em busca de objetos recicláveis. São invisíveis porque o homem não os vê. No grupo de animais menores, mais de 5 milhões trabalham para sustentar a família. Mas o comprador do auto-estima e da moralidade exige a dignidade dos animais como brinde.

Mas, o homem é desonesto com os animais, e não entrega a sobrevivência por eles comprado para todos. Normalmente apenas os de 200 reais por dia a recebem, e ainda assim com defeitos de fabricação, como assaltos, seqüestros, entre outros. Os de 20 reais por dia recebem um produto que não encomendamos: a escravidão, como correu com imigrantes latinos ilegais, no Brasil, e, por isso, escravizados em galpões fabricantes de roupas, e como ocorreu com trabalhadores de fazenda (inclusive de políticos) escrever por dívidas. O brinde de todos os animais é o medo, dos juros, da inflação, de tudo. Mas o vendedor da sobrevivência exige a dignidade dos animais como brinde.

Como Chico contou: "Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir, a certidão pra nascer e a concessão pra sorrir, por me deixar respirar, por me deixar existir, Deus-lhe pague". Mas como Deus não vende o que o homem quer, esse obriga os animais a pegá-lo pelo pão, pelo chão e pelo não, as três palavras que resumem a sobrevivência vendida, com defeitos, a alguns deles. O homem ameaça a sobrevivência do animal. Mas, o próprio homem é m animal.