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Felipe C. F. Rocha
Criar São Carlos

A sociedade na pele do coelho de Alice

Quando vem a noite e as luzes se apagam, tudo mergulha no sono: pessoas, paredes, espaços. Menos o relógio. Em meio à rotina que permeia a sociedade, o tempo se torna o maior inimigo. Não se tem mais tempo para a amizade, para a cultura, para os sentimentos, até mesmo para a alimentação o tempo se torna restrito.

Ao longo da história, muitos tentaram driblar a efemeridade do tempo. Com a invensão da imprensa, que gerou um aumento considerável na velocidade da impressão, Gutemberg se tornou um ícone. O mesmo se deu com Henry Ford, ao propor a produção em série, o que levou a uma maior produção de automóveis em um período curto de tempo, exemplos como esses traduzem a situação de um mundo capitalista, em que o tempo é sempre sinônimo de dinheiro.

Na sociedade atual, o auxílio na luta contra o tempo tem sido fonte de renda para muitos. "Fast foods" estão espalhados por toda parte, servindo comida de baixa qualidade nutricional, mas principalmente contando com um serviço rápido de atendimento. O uso dos "disks", uma das palavras mais encontradas pelas ruas, se tornou comum na sociedade moderna, que na roda viva do dia a dia necessita de auxílio para cumprir suas obrigações. Vive-se num mundo voltado para o lucro e que acaba deixando de lado os valores pessoais, como o amor.

Diante dos efeitos do tempo, que inevitavelmente deixa marcas por onde passa, pessoas tentam de todas as maneiras mascarar a realidade. Cirurgiões plásticos são costumeiramente procurados para tentar esconder as marcas do tempo; adultos perdem o senso em busca da juventude fabricada. Em meio à uma vontade incessante de voltar no tempo, grande parte da população deixa de perceber a beleza única do momento que jamais será o mesmo.

O homem corre para chegar a um pódio imaginário, criado pelo próprio sistema capitalista. Nas noites de fim de ano, as pessoas se reúnem para espantar o "terror", tentando abafar com ruídos e rojões o som incansável do relógio que diz que o tempo está fugindo. Alegria fugaz. No outro dia, todos voltam à rotinas, colocando-se na pelo do coelho da história de Alice, que olhava no relógio, corria esbaforido, e dizia: "estou atrasado, estou atrasado..."