Anos. A sociedade humana sempre esteve diretamente ligada à percepção do tempo, mesmo quando ele era imposto pela própria natureza. No Egito Antigo, a regularidade das cheias do rio Nilo era responsável por uma notória gerência no modo de vivência do povo, desde âmbitos religiosos até econômicos. Entretanto, podemos notar que a tomada ingerência do tempo na sociedade contemporânea ainda permanece atuante. Os humanos são devorados pelo tempo, como na representação do deus Cronos abocanhando uma mulher impetuosamente.

Dias. No período árcade, uma nova concepção de interpretação mundana liderou as pessoas: o carpe diem. Essa filosofia implicava no aproveitamento máximo do dia, de acordo com os desejos espontâneos. Desse modo, o bucolismo foi uma das relevantes maneiras de se escapar das responsabilidades inerentes às cidades. O crescimento significativo de chalés e pousadas no campo, é prova da necessidade humana de aliviar as afobações exercidas pelas cidades.

Horas. Não obstante, a Revolução Industrial proporcionou uma manipulação do tempo criando outros conceitos, como taylorismo, o qual se fundamenta na retirada dos movimentos desnecessários durante o processo produtivo. Isso diminuiria o tempo de fabricação, aumentando a produtividade. No entanto, na atualidade, os operários, na linha de produção, não são poupados, uma vez que se visa produzir mais.

Segundos. Por outro lado, o desenvolvimento de novas tecnologias, com a Revolução tecno-científica, permitiu a transmissão quase imediata de informações através da Internet, cabos de fibra óptica e satélites. Contudo, apesar de serem criados com o intuito de facilitar os procedimentos essas tecnologias impõem maiores trabalhos a serem efetuados pela sociedade, para acompanhar tal velocidade. Além disso, uma maior mobilidade espacial, através de aviões, mais velozes permitiu sobrar tempo para trabalhar mais.

Milésimos de segundos: eis a atual ordem de grandeza de tempo. Os instrumentos criados pelo homem, para facilitar o trabalho, somente redundou em esforços mais árduos. Portanto, a criação de novas tecnologias, que aparentemente facilitam a vida, impulsiona e acarreta em implicações desde parâmetros individuais, como distúrbios psicológicos, até coletivos, por exemplo, as greves. Como na pintura" A persistência da memória" de Salvador Dali, o tempo é maleável, relativo e mutável.