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Rafael Henrique Queiroz
Criar Ribeirão Preto

Da inflamação até a dor

Atualmente, com o auxílio de novas tecnologias, torna-se mais fácil a diluição de ideias para a organização de novos tipos de protestos que visam ao entretenimento, por serem inusitados, e às questões que intrigam a sociedade. Mas essa nova forma de protesto é apenas uma maneira de divertimento coletivo com o intuito de badernizar o espaço público. Será? Adianto que não. Podem parecer fúteis, porém não são pois qualquer manifestação é relevante uma vez que nos faz refletir sobre a maneira a qual vivemos.

Graças à internet, é possível realizar contatos imediatos com pessoas que compartilham de uma mesma ideia ou difundir uma importância ideológica. Devido a esta velocidade comunicativa, cria-se um senso de organização fundamental para a realização de protestos modernos como os que são realizados pelo cyber-grupo Flash Mob que, ao invés de vandalizar o espaço público, chama a atenção para causas variadas de uma forma mais criativa e inofensiva: abaixam as calças contra o desconforto, aglomeram-se contra projetos de lei que vigiam a internet etc. Com isso, é o começo de uma inflamação no comodismo.

Além de serem inofensivos ao espaço público e à integridade física dos participantes, essas modernas manifestações contribuem para mudanças na humanidade. No fim da década de 80, a juventude se uniu a favor das "Diretas Já" e pela constância dos protestos, que incomoda os conservadores, conseguiram o direito de eleições diretas. Já os novos tipos de protestos também alertam a população sobre suas mazelas, pressionando-a para mudarem seus hábitos. A inflamação evolui para a coceira mental.

Esses novos protestos são classificados como fúteis devido a suas bandeiras de luta. Ressalvo que o efeito estufa é mais relevante que o conforto ou a liberdade digital. Entretanto, os grandes problemas que a humanidade enfrenta devem ser resolvidos pela conscientização na mudança de hábitos, pelas novas tecnologias e pelo engajamento sustentável das autoridades políticas. Para isso, grupos como os "Freegans", que reaproveitam o lixo, protestam de forma inovadora e chocante para os que tentam eclipsear o envolvimento político dessas novas formas de se rebelar. Está pronta a ferida e prestes a doer.

Logo, defendo as modernas manifestações, pois elas unem tanto um engajamento político ou social com futuras possibilidades de mudanças no comportamento humano, quanto um alerta para as mazelas da sociedade. Além disso, são criativas, divertidas e inofensivas, o que desperta o interesse em minha participação. Assim como a dor é a maneira de nosso sistema nervoso chamar nossa atenção para algum problema, as novas formas de protestos são as feridas que causarão a dor na consciência da população para que ela sinta a necessidade de confrontar o comodismo.