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Patrícia Marteleto Scanavez
Criar Ribeirão Preto

SEM TÍTULO

"Eu vejo a vida melhor no futuro" cantou Lulu Santos. É inerente aos seres humanos criar perspectivas para o "depois". Porém, a projeção delas acarreta comodismo e inatividade e quando dias, meses, anos passam, o sonho projetado torna-se ilusório e frustrante. A intermitência do tempo, juntamente com o "deixar para mais tarde" desafiam a esperança humana.

Para exemplificar a efemeridade temporal bastam um espelho, um álbum fotográfico e a filosofia grega. Ao ver a sua imagem refletida e compará-la àquela da fotografia - que é de anos atrás, mas é como atos presentes - confirma-se a fugacidade a que os humanos estão sujeitos. Ao olhar para o passado, meses são instantâneos; e décadas, momentâneas. "Panta Rei" diria Heráclito.

Entretanto, no contexto atual, essa fluidez temporal está acentuada. A conjuntura vigente requer uma rotina automatizada, repleta de trabalho, estudo e especializações. Assim, as pessoas, cada vez mais, esquecem-se de colher o dia e quando veem, já envelheceram. Por isso, a geração atual é a de mensagens instantâneas, da videoconferências e da falsa felicidade.

Como consequências dessa velocidade moderna, há o comodismo, o famoso "empurrar com a barriga": Projetar para o futuro, para não ter que efetuar no presente. "Brasil, o país do futuro?" É mais fácil adiar do que agir. Dessa maneira, os sonhos que não se realizam tornam-se ilusões enrustidas. Perspectivas que são futuras transformam o homem em um ser estático e pessimista.

Ver a vida melhor no futuro não é melhorá-la. Projetar não é agir e sonhos não são meras ilusões. Porém, "o tempo não para" e para que ele não desafie os almejos humanos, é necessária uma focalização. Talvez eles sejam algo inalcançável, talvez, uma realização pessoal. Para conferir só há uma maneira: correr atrás.