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Augusto Avanci Junior
Criar São Carlos

Desestruturando o "politicalho", a "politiquice" e a inércia social

Laboratório de crítica social. Talvez seja essa a melhor maneira de nos referirmos a mais "nova onda" insólita dos jovens com acesso fácil à tecnologia de ponta, os "flash mobs" (multidão instantânea). Duramente criticado por análises superficiais, jovens inusitados reúnem-se para protestarem contra diversos fatores (ambientais, sociais e/ou políticos) que assolam a vida contemporânea. Dessa forma, essas ações repentinas constituem o tubo de ensaio para possíveis reações sociais em escala industrial.

Desde Sócrates, ou até muito antes, ministramos cicuta a quase tudo o que nos é estranho. Posto isso, a reação da sociedade perante tais manifestações não poderia ser outra. É devido à fatores como esse que estes movimentos encontram-se limitados às cidades grandes, onde a heterogeneidade populacional e intelectual é maior. Sendo assim, cidades interioranas (e eu me incluo nessa massa) não possuem solo fértil para brotar esta semente.

A força motriz de tal oposição provavelmente é a maneira como são feitas as ações em questão. Sendo assim, uma guerra de travesseiros em um dos principais parques da cidade de São Paulo é, no mínimo, inusitada, porém muito divertida. O motivo para tal "bagunça" é o alucinante ritmo contemporâneo. Os problemas da vida moderna multiplicam-se de uma forma infernal. Por isso, os "flash mobs" abrangem, além do campo político, o social. Chegamos a um ponto em que essa dinâmica é tão massacrante, que precisamos estilhaçar a rotina com o incomum para relaxar.

Como já foi dito, tais manifestações também atuam sobre a política, ou seja, procuram estilhaçá-la. De posse dessas informações, observando o apelo social desses movimentos, o senador Eduardo Azevedo redigiu um projeto de lei impondo barreiras à comunicação virtual. Visto isso, com base em Weber, somos controlados pelo poder que nós mesmos transferimos aos outros, ou seja, o Estado é uma construção social. Contudo, o que provavelmente falta para afastar o Brasil da corrupção e da "politicalha" é a noção popular de força conjunta, que é trazida pelas ações discutidas.

Seja unindo a população, criticando a política ou aliviando a sociedade, os "flash mobs", a novidade do momento, estão bem longe de parecerem fúteis, visto que até o governo está com receio de ser atingido pelos estilhaços de sua "politiquisse". Tais massas manifestantes constituem o início de um possível e provável efeito dominó contra a passividade vigente, o empurrão inicial para o cair das peças.