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Alessandro Augusto Cavalcanti Veschi
Criar Ribeirão Preto

Aborto?

Rita, mulher bem casada, com seus 25 anos, publicitária, possui uma vida bem estável tanto economicamente como "mentalmente" e com um grande sonho, na iminência de ocorrer, de ter um filho e ter um filho e ser chamada de mãe. Seu marido, mais velho quatro anos de idade, resolve finalmente ceder aos dengos da mulher e também aceita ter um filho. Ele sempre, análogo à mulher, pensava em ter um filho desde que a situação de ambos, em todos os sentidos, já estivesse bem estruturada.

Alguns meses do ocorrido, tudo era festa, muita alegria, muita bajulação da família, dos amigos e principalmente do novo pai para com seu filho. Tudo já estava sendo programado por Rita, quando acontecesse o nascimento da criança, o enxoval, o quarto todo enfeitado e até um nome já estava em mente, Luís Inácio, pelos mais próximos foi apelidado de "Lulinha". O pai ficava furioso, era filiado ao PSDB, estava torcendo para o Serra nas eleições mas logo ela passava pois sabia que esse seu primogênito seria com certeza palmeirense. Sob o manto diáfano da fantasia, a nudez crua da realidade. A grande informação que iria mudar vida de Rita para sempre foi premeditada pelo seu médico de exames rotineiros para os cuidados com a gravidez, o filho tinha anencefalia.

Rita estática assimilava os vocábulos do médico, o dia se fez noite naquele momento interiormente sobre sua mente, o céu caiu de forma estrondosa no chão, fissuras e mais fissuras mentais se formam, a gota da lágrima que escapuliu da amêndoa de seus olhos levara o brilho deles junto. Conteúdo, e ainda bem, ela tinha uma formação educacional, possuíra estrutura de entendimento para superar situações lastimáveis e depois de muito custar, voltou novamente à razão para guinar essa difícil etapa de sua vida. Com isso dias a frio e de bastante reflexão se passaram. E agora, como agir diante dessa situação ? Rita traumaticamente se superava pra pensar nessa questão. Levar até o fim essa gravidez só traria mais dor e sofrimento a ela, poderia até correr risco de vida. Fazer o aborto era a melhor situação?

Rita sabia de seus direitos perante a lei do supremo Tribunal de Justiça que para casos de gravidez de crianças anecefálicas, fetos sem cérebros, o aborto era legalizado. Contudo, vivia mesmo assim em um conflito intra-pessoal, o aborto na visão social é um crime hediondo e será eticamente incorreto fazê-lo. Rita pouco se importava com a opinião hipócrita de idéias sórdidas não autoctones da sociedade, para ela o moralmente correto era sal base cultural e os conselhos de seu pai e de sua mãe. Se causaria desconforto social ou até mesmo entre familiares, pouco importava, o verdadeiro conflito que a aflingia era sua base católica de estirpe. O aborto é contra os princípios católicos. Essa angústia aumentara ainda mais quando soube que o procurador da República, Cláudio Fónteles, homem correto, honesto e católico fervoroso, mostrava-se contra essa legalização do aborto pra anencéfalia. E agora José? Será que a melhor jogada é a retirada dessa rocha dogmatizada do caminho ?

Rita depois de muito refletir e de consertir com seu marido, pai e mãe toma então a surpreendente decisão. Ela continuará sua gravidez e teria o filho, não por ser contra o aborto ou porque sua religião era contra e sim no sentido em que mesmo com a inevitável perda do filho, ela ganharia muitos outros filhos nesse gesto, em partes, pos em todos os órgãos dele seriam doados pra crianças necessitadas desse benefício. Ela perderia um mas salvará muitos, isso pelo menos amenizará, em certo aspecto, a dor que deveras sentia e sentirá até fim de seus dias.