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Bárbara Ichiyama Mattos
Criar Campinas

Contra o massacre do tempo

Para os que comemoram a vida, o tempo é certo. Para os que amam, é eterno. Para os que temem o incerto, é como se só existisse o futuro. Assim, Willian Shakespeare, já no século XVI utilizava-se de um assunto que até hoje nos atormenta: a passagem do tempo. Planos, sonhos e desejos todos massacrados por suas velozes engrenagens, nos deixando cada vez mais lento e neuróticos em relação ao futuro. O tempo é incontrolável, nos restando apenas aproveitá-lo ao máximo.

Desde Charles Chaplin a Fernando Pessoa, ocorre a idealização de uma vida em constante mudança, numa durável luta e sem preocupação de planejamentos futuros e até hoje tal ideal persiste. Cazuza e sua filosofia apoiavam a continua metamorfose do homem, recusava a parada no tempo e incitava acompanhar sua velocidade, porém, sem tornar-se escravo do planejamento. Assim, não deterioramos nosso presente, organizando a incerteza: o futuro.

Doze meses são suficientes para todos sentirem-se exaustos a ponto de desistir e desejar mudar completamente sua vida, já alegava Drummond de Andrade. E, assim, ainda é ano novo e vida nova: promessa mais comum entre os seres humanos. Juramentos de renovação e crença em tais mudanças ilusões que a cada ano renovamos e planejamos, porém deixamos de lado ou apagamos devido ao desespero da falta de tempo.

Desespero esse que faz com que rugas e cabelos brancos já não sejam sinais de sabedoria e sim de proximidade do fim. Faz com que desacreditemos em nossos sonhos e esqueçamos que temos o tempo suficiente para viver. Devemos, portanto, não deixar que sua passagem transforme nossos desejos em ilusões. Resta-nos apenas aproveitar o presente e aceitar o futuro.