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Igor Assagra R. Barbosa
Criar Ribeirão Preto

Fome de tudo

Coca-Cola. Honda. Mc Donald’s. Pedro. Levis. BMW. Maria. Toshiba. Intel. Bayer. Paulo. Nike. Visa. Letícia. Puma. Playboy. Bruno. Adidas. Móbil. O capitalismo de tal modo desumaniza que já não somos apenas consumidores, somos também consumidos. "Fome de tudo", a música da Nação Zumbi prevê o grande mal do século XXI, apoiado por uma nova religião que prega: consumismos, portanto existimos. Seria a prática do "consumo ético" uma escapatória?

Segundo Marx, em Manuscritos econômicos e filosóficos; a economia de mercado, concentrada no lucro e não nos direitos da população, nos submete ao consumo de símbolos. O valor simbólico da mercadoria figura acima de sua utilidade: não se compra um carro luxuoso, compra-se uma Ferrari. Neste patamar, o indivíduo fica inserido numa sociedade vitrine, revestido de produtos e bens sugestivos que determinam seu valor social.

Junto com essa nova ideia, nasce sua religião estrutural. Separados por linhas étnicas e culturais, unimo-nos pelo consumo. Oramos pela mesma cartilha e cada vez mais somos hipnotizados, passando a sentir fome de tudo. Fome com saúde de ferro. Para saciá-la, ingerimos tudo e a todos, numa espécie de suicídio coletivo: quanto mais nos satisfazemos, mais a terra se desfaz.

Contudo, novas gerações percebem o apocalipse e encontram formas alternativas para driblar a ganância. O consumo sustentável (ético) é uma delas: um amálgama que mistura preocupações éticas, ecológicas, solidariedade e noções de comércio justo. Embora pouco coerente, o movimento boicota empresas e conscientiza cidadãos obtendo êxito em mudanças de diretrizes empresariais e reflexões comportamentais. Ignorá-lo é temerário.

O que o futuro nos reserva? O fim dos tempos ou uma revolução filosófica? A prática consumista "coisificou" o homem e o transferiu para seu plano simbólico, este, enlouquecido pela voracidade, busca sua saciação a todo custo. Porém, ativistas das mais novas gerações lutam contra esse contexto sugerindo vias alternativas numa guerra que está longe de ser vencido, no entanto, o preço por não fazê-la, para a biosfera e sociedade, é altíssimo.