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Bruna Lupoli
Criar Ribeirão Preto

Um roteiro disforme

Muitos sonham em conhecer a Europa; Paris inauguraria a viagem. Caminhar pela "Champs Elysées", vislumbrar o museu do Louvre e os mais de 3.500 anos de história representados em artefatos, pinturas, esculturas. Muitos sonham em ver "Monalisa"; poucos, em compreender o magnífico mundo da arte, composto por mais que mimese, pelo que intriga, incomoda e faz refletir. Tais representações artísticas são "invisíveis" a olhos viciados em medidas e formas fixas e que buscam uma pseudoperfeição.

Como poluição visual num cenário clássico, os indivíduos que se distanciam do padrão pregado pelo sistema vigente são facilmente discutidos em sua relevância, não são notados apesar de vistos. A invisibilidade social atinge expressiva parcela da população, a qual não usa roupas de grife; não freqüenta restaurantes caros, não carrega a bandeira do capitalismo. Excluídos, são rebaixados de cidadãos ao "cargo ocupado". O gari, o segurança, a faxineira, a prostituta, o viciado, o mendigo - arte que fingimos não ver, à qual não dirigimos a palavra, da qual nós, eternamente "classe média", temos medo.

Central Única das Favelas, Movimento dos Sem Terra, Primeiro Comando da Capital: eis o maior temor burguês. Violência e carência mesclam-se num desejo de auto-afirmação de demarcação de poder a uma sociedade que não age perante as desigualdades e injustiças dirigidas aos cidadãos menos abastados, que não investe no seu patrimônio natural carente de esperanças (Rio 2016? Apenas aumento nos impostos e desvios) e que planta árvores através de cliques para "aliviar a consciência". Pobres invisíveis, ricos insensíveis. Apesar de tudo, há vanguardas otimistas... ainda.

Esperanças de que o Frankenstein capitalista com viseiras aumente sua visão periférica e capacidade de compreensão do mundo existente além dos seus 50 centímetros de raio são poucas, mas existem. "Ismos" surgem, quebrando regras e tabus; haverá Olimpíadas em 2016 no Brasil, Da Vinci deixou um dos mais estudados enigmas: um sorriso. Transformações... Um dia, uniformes deixarão de representar pessoas, serão apenas roupas; Paris será mais uma linda cidade a se visitar.