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Jenifer Bottino
Criar Ribeirão Preto

Reabram as cortinas

Abrem-se as cortinas e a chuva de aplausos inicia o espetáculo. Este, no entanto, não é uma mera apresentação, mas, sim, a espetacularização da vida que reluz uma sociedade massificada e midiatizada. Falsos atores coadjuvantes multiplicam-se feito vírus, contaminando os verdadeiros protagonistas e os ameaçam de extinção.

A busca pelos "15 minutos de fama" faz as pessoas imitarem seus ídolos, usarem roupas padronizadas e terem hábitos pré-estabelecidos pelos nossos amigos do norte. Esse eco cultural transforma, paulatinamente, "muchachos" em papagaios do "Tio Sam". Contudo, se ainda assim esses imitadores não saírem do anonimato, há vários programas e sites à espera de um vídeo polêmico e banal que, por mais cacofônico que seja, milhares de pessoas irão vê-lo e comentá-lo. Logo, "Otelo" transforma-se em novelas globais ou, como se diz na língua dos papagaios: o encanto quebrou-se e o príncipe virou sapo.

Câmeras e falsos autores julgando uns aos outros e sendo vigiados. A vida tornou-se um espetáculo plagiado permanente, sem intervalos para reflexão. Comportamentos fingidos são comuns, pois as pessoas encenam o tempo todo, devido ao medo que sentem de serem julgadas. Não obstante, todos agem igualmente, pois quem sair do roteiro perde seu papel na peça e torna-se (tele) espectador. Nesse ato, as palmas diminuem, pois o público cansa da monotonia de assistir a mesma farsa, todo dia, sempre igual. A peça está chegando ao fim.

Vale lembrar que, em oposição ao berço de ouro e ao mérito do passado, considerados imprescindíveis para ascender socialmente, na contemporaneidade, isso não basta. Ser rico é importante, não é suficiente, pois a chave que abre a porta do camarim é a média, ou seja, aparecer e ser famoso. Todavia, essa midiatização já chegou ao seu limite e as gotas que transbordam espirram e molham - mesmo que infimamente - a consciência da sociedade massificada. O espetáculo, finalmente, encerrou-se e, paradoxalmente, sem aplausos.

A virulenta sociedade coadjuvante precisa ser exterminada para a protagonista voltar a, de fato, reinar nos palcos da vida. Portanto, negar-se a aplaudir a midiatização e destruir o papagaio massificado que assola a todos tornou-se de suma importância. Logo, o grande espetáculo da vida clamará por extraordinários aplausos sinceros. Reabram as cortinas!