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Lígia Maria Manzoli Torres
Criar Campinas

SEM TÍTULO

Um clássico da literatura infantil é Pinóquio. A estória é de uma marionete de madeira que passará pela prova de comportar-se bem para então realizar o sonho de seu criador, Gepeto, de tomar-se um menino de verdade. Assim também somos nós, um conglomerado de bonecos manipuláveis, quer seja pelos princípios de viver em sociedades, por meios de comunicação ou por hierarquia, a fim de um propósito.

Da mesma forma como Pinóquio desejava sua liberdade dos fios que lhe davam vida, nós buscamos ser livres. No entanto, essa liberdade é atrelada a uma série de restrições que apesar disto ser um grande paradoxo em seu significado e para estar nela devemos seguir regras e condutas - saber vestir-se e comportar-se numa reunião de negócios, na roda de amigos e até na intimidade. Logo, somos broncos versáteis, trocamos de máscara a cada espetáculo. Contudo, tristemente, perdemos a identidade, passamos a escravos do "corresponder as expectativas alheias".

Todavia, por ser um menino de madeira, ele não tinha consciência, para tanto ganha o "Grilo falante", a voz do certo e errado. No mesmo modo, nossa sociedade, formada por uma memória esclarecida, elege os meios de comunicação como sua voz. Não há a intenção de educar a população, mesmo porque pessoas ávidas a formar opiniões raramente deixam-se levar por ladainhas políticas e, assim, convivemos com omissões e deturpações de notícias, aceitando-as como verdade absoluta e nos achando seres esclarecidos. Por isso, em épocas de ditadura, vela-se a liberdade de expressão, pois em teoria a comunicação deveria defender a liberdade individual e não dominar o indivíduo.

Com o sonho realizado, um menino de verdade, Pinóquio aprendeu que deve obedecer ao pai. Igualmente, crescemos sabendo que pais são autoridades e a eles devemos obediência. Pais têm o direito de veto da liberdade dos filhos - um carro aos 18 anos, aquela balada, o namorado dormindo em casa, a grana do fim de semana. Além disso, quando na escola, entre tantas regras consta obediência aos professores e diretores. Portanto, frente a tanta obediência e mãos manipulando, a maioridade,a independência financeira e altos cargos passam a ser a busca incansável dos jovens.

Enfim, liberdade total é utopia, um mundo segundo Baudrillard, pois sempre haverá limites para desfrutar da sociedade e das relações nela existentes - seremos também testados por raposas, nem por isso devemos desistir de conquistar o que temos por liberdade, mesmo que demore - a maturidade, a sabedoria e a convivência podem romper fios.