MELHORES REDAÇÕES DE ALUNOS

Fernando Bombarda
Criar Araraquara

Comprar, Vender, Sedar

1750. "Corrida pra vender cigarro, cigarro pra vender remédio, remédio pra curar a tosse". Esse é o panorama existente hoje, que se iniciou após a Revolução Industrial. Com efeito, apesar dos frutos trazidos pelos avanços tecnológicos, tivemos o aparecimento de um grande prejuízo: o consumismo. Dessa maneira, não raro, vemos pessoas que atuam como o Linus, fazendo do consumismo os seus cobertores.

"Eles querem te comprar". Seja para mostrar valor social ou por compulsão, grande parte das pessoas consomem o supérfluo. Desse modo, estamos sendo consumidos. O capitalismo é tão desumanizador, como dizia Marx, que somente possuímos valor quando estamos revestidos por bens materiais. É fácil observar isso quando entramos "bem vestidos" em uma loja e recebemos melhor atendimento do que se estivéssemos "mal vestidos": a essência é desvalorizada. O importante, pois, são os objetos.

"Eles querem te vender". Segundo o WWF, se toda população da terra adotasse os padrões de vida dos norte-americanos seriam necessários cinco planetas para nos sustentar. O "American way of life", dessa maneira, poderia ser chamado de "jeito americano de destruir". É evidente, portanto, que a concepção de que a compra sem limites conduz ao bem-estar e a superioridade civil não se justifica. Por que, então, a aquisição exacerbada?

"Eles querem te sedar". A sociedade contemporânea está calcada no capitalismo. O símbolo da felicidade, assim, é a posse de bens materiais, e o consumo torna-se uma prática obrigatória. Outro problema é quando o Linus manifesta-se dentro da pessoa, fazendo-a sentir-se "segura" somente quando adquire algo qualquer. Além disso, milhares de propagandas são criadas e utilizam a persuasão - das mais variadas maneiras - para vender os mais variados produtos. O resultado disso é um ciclo difícil de ser quebrado, e muito lixo que, aliás, é aproveitado pelos pobres - excluídos da ciranda - mostrado no poema "o bicho", de Manuel Bandeira.

Percebe-se, enfim, que somos cada vez mais comprados, vendidos e sedados, como diz os Engenheiros do Havaí, em sua música "3º do Plural". O sistema neoliberal capitalista vigente aliado à propaganda torna a aparência superior à essência e assim desumanizam as pessoas, tratando-as como uma mercadoria. Com efeito, estamos a todo tempo sendo induzidos a agir como Linus, personagem de "Snoopy", em relação à compra: ele só se sentia realizado quando com seu cobertor azul.