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Daniel Barusco Duran
Criar Ribeirão Preto

Ícaro e as máquinas

Acunhada de cera e penas de pássaro, Dédalo deu ao seu filho a liberdade. Ícaro conhecia bem as consequências e os limites do seu voo. Uma vez lançado-se ao vento não havia retorno, assim como a proximidade do mar ou do sol significavam o fim da jornada.

Certamente, não fosse o engenho de seu pai, Ícaro ainda estaria preso ao passado cáustico. Henry Ford deu asas à humanidade quando modernizou o sistema de produção. Logo as máquinas restritas às fábricas ganharam as casas dos consumidores. Assistimos, a partir de então, a uma drástica dependência tecnológica, invariavelmente, inserida em nosso cotidiano.

Conquanto, no meio da trajetória as máquinas passaram por baixos. As condições insalubres do operariado na 2ª Revolução Industrial agravaram-se com a chegada dos homens de aço. É nessa tensão que surge a primeira organização de trabalhadores, o ludismo, unidos contra as engrenagens e o óleo, embrião dos sindicatos. Quase que por descuido Ícaro de alado não termina sob os sete mares.

No entanto, querendo voar alto demais deparou-se com a fronteira do astro rei e suas asas derreteram num dia insolarado. O limite das máquinas está na sua criação. Ainda que realizem trabalhos precisamente não são capazes de criar, são capazes de repetir algorítimos matemáticos pré-programados, mas não compõem a 9ª sinfonia, Dom Quixote ou Monalisa. Falta o incerto: a alma.

Dado o passo inicial para a mecanização do futuro vemos como o homem e a máquina se relacionam. Ora se integrando, ora se degladiando pelo espaço fabril. Mas na contra-mão do senso comum não substituirão a humanidade, afinal não são autossuficientes.