Admirável mundo novo que sonhamos? Não. Admirável falso mundo novo que tentamos projetar. Assim, frente as inovações científicas e genéticas, cada vez mais buscamos incessantemente uma fórmula que nos permita "brincar de Deus". Numa sociedade na qual as aparências fortalecem as falsas máscaras sociais e fundamentam os fios que nos controlam como marionetes, a engenharia genética caminha em busca da eugênia: seres perfeitos moldados conforme os desejos de nossa contemporânea sociedade narcisista.
Dessa forma, cada vez mais a ciência atribui ao homossexualismo um caráter patológico e genético, cuja "cura" começa a ser idealizada por "reprogramações gênicas" ou "coquitéis anti-homossexuais". Atitudes essas que nos conferem o quão paradoxal é nossa sociedade, uma vez que em pleno auge da era das tecnologias e informações ainda relutamos em concepções preconceituosas que nos regridem a meras sociedades arcaicas.
Essa sociedade segregacionista almeja com recombinações gênicas criar verdadeiros "Frankstein" e "Super-Homens" que calçados por esteriótipos obedeçam às leis sociais contemporâneas. Todavia, a escolha do seco da orientação sexual pode ser fonte geradora de conflitos entre a criatura e o criador e nos levar a nossa própria ruína como seres humanos frente as "criptonitas" de preconceitos geradas nos laboratórios das clínicas e nos centros de pesquisas.
Além disso, é hipócrito e desleal tentar interferir no livre arbítrio, ainda mais quando a questão é a escolha sexual. É irrelevante aceitar que a opção sexual determine o caráter ou posição do individuo numa sociedade, mesmo nesse mundo "Gattaca" onde vivemos. Em vista disso, elucidar a programação genética de novos humanos é aprofundar ainda mais as contradições entre a inteligência do homem e as mazelas de sua existência.
Dessa forma, atribuir ao homossexualismo uma característica doentia e buscar na ciência um possível "cura" ou ainda programar uma criança a seguir orientações sexual por determinações sociais é colocar o homem superior a qualquer coisa. É aumentar com as próprias mãos o fosso de desigualdade e preconceitos que separa nossa espécie e que nos regride de nosso caráter racional e humano.