MELHORES REDAÇÕES DE ALUNOS

Rafael Minoru Tiba
Criar Ribeirão Preto

Trair e beber Coca-Cola

A traição é o mais vil dos sentimentos, pois ela tem origem de um ângulo indefensável por parte da vítima. É um ato covarde. Em tempos de paz, de guerra ou de tormentos, a infidelidade protagoniza cenas, muitas vezes, trágicas.

Schopenhauer teorizou que o homem é um eterno insatisfeito com sua situação. Esse fato poderia explicar o porquê de Rita trair Vilela mesmo convivendo bem com este; o mesmo vale para Luíza e Jorge. As obras "A cartomante" de Machado e "Primo Basílio" de Eça mostram a infidelidade como protagonista agindo sobre o "status quo" do homem. A crônica insatisfação do homem seguida da traição transformou a paz em uma cena trágica.

Na ficção de G. Orwell, "1984", enquanto W. Smith relutava para não entregar Júlia, esta já havia confessado os crimes de "duplipensar" e "crimideia" de ambos. Neste ponto, acaba o sonho do protagonista. A obra mostra que o princípio da fidelidade tem um limite: o limiar da dor. No plano real, o mesmo princípio encontra uma fronteira: o tamanho do suborno. Exemplos são fartos no picadeiro político.

O protagonista do conto "A terceira margem do rio" de Guimarães Rosa traiu a seu pai e a si mesmo depois de fugir de sua própria sina. O homem contemporâneo foge de si para viver os sonhos alheios em busca de um "Eldourado" capitalista. Por quanto, nessa odisséia, não exitamos em derrubar amigos - adversários - e vendar os olhos para a terceira margem.

Trair e beber coca-cola: é corriqueiro e sem um momento propício. Na insatisfação crônica do homem, sob punhos cerrados da tortura ou do suborno ou sob a covardia de atingir a terceira margem do rio, a traição se tornou universal e vil. Trair, possivelmente, remete a um desfecho trágico; beber coca-cola, a uma gastrite.