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Thais Cristina Firmino Francé - Criar Ribeirão Preto
Criar - Melhores Redações Fuvest 2010

Barbie, Gandhi e as imagens

Somos a personificação dos mitos de Platão. São milhares de acorrentados destinados - nem sempre por vontade própria - a ver a realidade distorcida quanto ludibriados pelo poder das imagens. Poucos são livres e embora dependentes de representações (pelas próprias exigências humanas) tem consciência acerca dos heróis e bandidos produzidos pela sociedade contemporânea.

A caverna é realmente assustadora: a globalização permitiu o intercâmbio de pessoas e informações mas também, a hegemonia de meios de comunicação em massa que exercem irrefutável influência na vida dos homens. Por esses meios são construídas e difundidas imagens de homens e mulheres com o único intuito de fomentar o mercado capitalista vendendo produtos associados à figura positiva de celebridades. Thomas Hobbes preconizava: o homem é o lobo do homem. E é mesmo. Jovens, crianças e adultos mundo afora compram poder de empresários, a fama de jogadores de futebol, a beleza estonteante de modelos por meio de carros, bolas e Barbies. Falsas imagens que vendem mentiras e ilusões, frustrando indivíduos que não adquirem os valores que almejaram.

Por outro lado, a construção de imagens é uma necessidade humana. Calcada em princípios básicos de ética e moral ou na concepção individual maniqueísta do que é bom e/ou ruim, acorrentados e livres pincelam personalidades em quadros mentais concebendo imagens para os mais diversos indivíduos. Qual é a importância deste ato? Nós, inclusive Freud que interpretou a todos psicologicamente, precisamos de modelos para embasar nossas atitudes e nos desenvolvermos moral, física e profissionalmente. Lula, o novo "filho do Brasil", é símbolo de vitória para grande parte da população miserável e iletrada do país. Para os nórdicos, Bill Gates, símbolo máximo do "self-mode man" (homem que ascendeu socialmente por conta própria) é exemplo a ser seguido.

Somos diariamente perseguidos e iludidos por imagens que desempenham função negativa. Acorrentados pelas amarras de um capitalismo selvagem que vende bens revestidos de personalidades e sonhos normalmente inatingíveis. Somos criadores de imagens benéficas. Livres, se conscientes das falhas humanas, usando de representações apenas como referência na busca pela edificação da própria vida e personalidade. Somos, por fim, fadados a conviver em um mundo indissociável de figuras que podem contribuir ou não para o desenvolvimento da humanidade.

No mito, o subversivo foi morto, que no mundo, eles possam viver e influenciar toda a sociedade na criação de imagens: Gandhis a serem imitados, sem a conotação abusiva de Barbies, visando a formação de pessoas melhores.