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Cristiane Toniolo
Criar São Carlos

A indelével luz alegórica de Platão

Segundo Dostoievsky, o homem precisa do insondável e do finito tanto quanto do pequeno planeta que habita. Por isso, algumas comunidades se fixam gradativamente nas raízes religiosas e vêem a proliferação dessas como o caminho para encontrar a felicidade plena.

Contudo, negar completamente o evolucionismo seria tentar manter a população presa à caverna de Platão, cegando-a ante os inúmeros feixes de luz possíveis de serem discutidos. E essa cegueira bloqueia o desenvolvimento do senso crítico individual, o que compromete os rumos do Estado e, até mesmo, pode dar a esta população deficiente somente a máscara da alegria de Lobsenz.

E é por viver interiormente o mundo externo que é apresentado aos olhos - como o falso de Magritte - que aquela máscara leva à imposição. Isso é facilmente representado pelo ocorrido no Rio de Janeiro: uma lei define os rumos religiosos do Estado.

O "falso espelho" também define a dificuldade em aceitar a trajetória científica: mudar uma ideologia já absorvida pelo interior humano é uma barreira árdua. Assim, há um bloqueio na conotação dos textos religiosos, o que faz com que muitos ainda insistam na sua leitura denotativa, naquilo a que estavam acostumados.

Então, essa perpetuação do literal é uma simples defesa do "status quo" humano. Assim como disse Heráclito o homem muda constantemente seu estado e aceitar esse fato na teoria darwinista é algo inconcebível para aqueles que perdem a sua grandiosidade e agora são comparados a macacos.

Entretanto, aqueles que estão mais perto da saída da caverna de Platão e que conseguem ver uma ponta de claridade, tentam conciliar fé e razão. E fazem isso através do uso da argumentação científica para a comparação do divino. Cai-se, então, num perigoso paradoxo: nega-se a ciência, mas há sua utilização para provar a fé.

Desta forma, o rumo religioso é uma incógnita. Somente se firmara como uma real constante quando demonstra que é capaz de se sustentar fora da caverna, exposta às luzes do pensamento científico, sem negá-lo ou contradizê-lo, apenas caminhando de modo complementar o insondável que nem mesmo a ciência ainda soube desvendar.