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Fernanda Souza Magioni
Criar Bebedouro

Uma "pitada" de Alberto Caeiro

Os textos judaicos já expressavam: "A ganância insaciável é um dos tristes fenômenos que apressam a autodestruição do homem". Tomando como partida esse sentimento, o homem arquitetou imensas obras como esgoto a céu aberto, fábricas e criação de agrotóxicos - geradores de poluição, efeito estufa, doenças e chuvas ácidas. Essas obras, responsáveis pela degradação do meio ambiente, apontam o fuzil para seu próprio criador.

Desde quando o homem começou a viver em comunidades, ele altera a natureza de forma a assegurar sua sobrevivência e conforto. Contudo, inserido na era globalizada em que o objetivo da vida é a alta lucratividade, a ganância aliou-se às necessidades humanas e conduziu as atitudes do homem a favor apenas de seus próprios interesses. A Química já tentou explicar que na natureza nada se perde, nada se cria: tudo se transforma. Todavia, o homem sabe nos provar através de suas obras que perde, a cada dia, seu caráter humano e sua consciência e cria, com a eficiência de potentes máquinas, novas obras responsáveis pela sua destruição e pela destruição do ambiente.

Atuando como máquinas velozes, o indivíduo constrói em regiões ribeirinhas com plena consciência de que essas áreas são reservadas pela natureza para suas cheias. Não satisfeito, utiliza rios como redes de esgoto a céu aberto e depois gasta fortunas para tratar a água que seu filho irá beber. Investe milhões em produtos químicos para produzir alimentos contaminados e, posteriormente, gasta bilhões para tratar as doenças causadas por tais alimentos. São novas fábricas, novas construções no morro. Todas são obras cinzas que embaçam nossa visibilidade e consciência sobre o meio em que vivemos.

Assim, é possível perceber egocentrismo humano, pois o homem age de maneira imediata, instalando em sua própria e única casa uma "bomba-relógio" que funcionará como um despertador para a destruição do homem e do futuro. Com isso, para evitarmos que nos desperte a dor é necessário implantar na humanidade o conceito de "desenvolvimento sustentável" - o qual prega que é necessário que haja desenvolvimento para suprir as necessidades da geração atual, porém, ele não pode comprometer as gerações futuras.

Dessa forma, é inviável investirmos milhões, ou até bilhões, em soluções para o efeito estufa, agrotóxicos, chuva ácida, esgotos ou poluição. É preciso que haja, prioritariamente, um investimento pesado sobre o homem, o qual necessita desabitar desse cenário barroco que o cerca e buscar o equilíbrio e a consciência que perdeu ao longo do seu trajeto evolutivo. Portanto, a solução para que a "bomba relógio" não desperte é promovermos um ludismo para que o homem deixe de ser meras máquinas e acrescentarmos uma pitada da essência de Alberto Caeiro para, quem sabe, adquirirmos um de seus sentimentos mais sábios e nobres: o amor pela natureza.