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Gabriela Gomes de Freitas
Criar Ribeirão Preto

Multifacetação antrópica

No mundo de hoje, tudo que existe pode ser visto por diferentes prismas, responsáveis por apontar diferentes interpretações sobre um mesmo elemento. E é assim que a figura humana gravita entre o que ela realmente é e o que parece ser aos olhos da sociedade. Mas é mesmo viável o equilíbrio entre realidade e representação no mundo simbólico? Seria benéfico ao ser humano deixar que o lado pessoal transceda a mesa imagem neutra?

O que realmente são as pessoas é muitas vezes sucumbido pelas imposições do modelo de "correção e perfeição social". E o medo da rejeição as leva a mudarem de estilo, gosto e aparência para se encaixarem nos simulacros do que é tido como "padrão", o que gera a perda de identidade e o enclausuramento do "eu verdadeiro". Essa discrepância do real e da imagem superficial que "sobe à tona" é claramente evidenciada quando conhecemos melhor as pessoas. É comum descobrir que determinado indivíduo exibido esconde insegurança por trás do exibicionismo. Vigora então o típico pensamento: "que curioso, pensei que tal pessoa fosse diferente". É a quebra do conceito inicialmente formado.

A realidade de cada um, por sua vez, forma-se de acordo com a sociedade dentre a qual somos criado. A própria cultura é responsável por afixar no saber coletivo variadas mentalidades, divergentes na maioria das vezes. Usar vestimentas que deixam as penas à mostra é, por exemplo, para cultura ocidental, simples adaptação ao clima ou forma de demonstrar o "belo". Para os árabes, mulheres que expõem membros inferiores são aptas ao trabalho de prostituição. Analisa-se assim o impacto que a cultura tem na formação do indivíduo quanto ao conceito que este tem da imagem física e palpável.

Outro valor atribuído à imagem é a associação desta com sua função. O próprio elemento negro, graças ao triste passado colonial, é na América ligado à idéia de escravidão, tornando-se símbolo dela. Da mesma forma, a líder Madre Teresa tornou-se símbolo do altruísmo, e celebridades, símbolo do poder e da riqueza. Infelizmente, se analisado da mesma maneira, inferimos que ao deficiente físico sobra do o símbolo do fracasso, uma vez que sua função básica de coordenar os próprios membros lhe foi retirada, o que causa sua exclusão.

O conceito mais sólido a respeito da suspensão entre realidade e representação é que esta é uma relação que sempre irá existir, e é, de certa forma, imprescindível ao alcance do equilíbrio entre o que é e o que parece ser, uma vez que é impossível a descoberta de algum desses lados em sua inteireza. Permitir que a essência transceda a aparência é algo de suma importância, pois uma vida mais espontânea anula a preocupação humana para com as idéias e rótulos que a sociedade impõe.