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Marcella Borasque de Paula
Criar Franca

Carta a Shimon Peres

Jerusalém, 15 de agosto de 2010.

Excelentíssimo presidente Shimon Peres,

Acredito que Vossa "Excelência" receba diversas cartas suplicando-lhe a paz. No entanto, venho lhe pedir algo diferente: o direito de ter medo. Completei 15 anos recentemente e, antes que me considere um adolescente maluco, digo que não o sou. Como poderia pertencer a tal fase intermediária da vida se jamais vivi minha infância?

Cresci acreditando que barulhos de bombas, conflitos civis e disputas territoriais eram cenas comuns. Contudo, tive a oportunidade de viajar por diversos países recentemente, assim como Vossa Excelência e, encontrei crianças que inventavam seus próprios medos. Descobri que, enquanto eu saía de casa temendo não voltar, diversos garotos pelo globo idealizavam seres em seus próprios lares, criando um mundo de fantasias.

Quando voltei para casa, encontrei minha pequena irmã sem nenhuma fantasia. A única casa imaginada por ela era a face do novo terrorista, responsável pela morte de mais dezenas de pessoas. Se Vossa Excelência possuir filhos ou sobrinhos, entenderá o terrível crime de guerra cometido por quem rouba a infância.

Não me compare a Holden Caulfield. Eu jamais impediria que minha irmã e tantas outras crianças alcançassem a fase adulta da vida. Conquanto, semelhante a um "apanhador no campo de centeio", desejo ser um escudo no campo de batalha. Peço-lhe ajuda para tal ato.

Sei bem que o conflito entre israelenses e palestinos não será resolvido facilmente. Porém, ambos os povos devem olhar e zelar por suas crianças. Desejo ver minha irmãzinha temendo assombrações, imaginando criaturas estranhas e utilizando toda sua fantasia. O medo é um sentimento presente em todas as fases da vida, mas há diferentes tipos para cada época e isso, Vossa Excelência, deve ser respeitado.

Atenciosamente,

M. B. P.