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Isabella Garbin
Criar Monte Alto

Mãe e sua criatura

Assim que um bebê nasce ele passa a depender totalmente de um adulto, seja para sua alimentação, higiene, saúde...enfim, para cada pequeno movimento. Um dedicado e belo comprometimento. Logo, quando falamos em tecnologia, os laços são bastante parecidos, tudo aquilo que geramos e, pois, de nossa integral responsabilidade. Uma relação mutualística interessante, mas que por vezes nos faz confundir criador com criatura e nos estagna. Até onde isso se estende?

Em meados do século XVIII começávamos nossa jornada rumo a um refinado conhecimento científico. A primeira Revolução Industrial inglesa e seus gigantes motores a vapor se tornavam os assuntos mais discutidos no mundo. Eis que a criança crescendo no útero da mãe está pronta para conhecer a luz e deixar sua marca. Desde a troca da manufatura pela maquinafatura todos os países entraram em uma disputa frenética com uma busca cada vez mais irremediável por descobertas importantes que pudessem instigar e mostrar seus poderes aos céus e á terra. Assim, traçamos um destino de subordinação aos novos meios.

Adaptados aos confortos a partir do abandono das ferramentas artesanais, dizer adeus ás grandes máquinas e dar boas vindas á nanotecnologia foi magnífico. Carregando iPods nas bolsas, aparelhos de televisão com "touch screen" e computadores interativos em casa, passamos a menosprezar uma vida simples e a desenvolver uma fatídica dependência em celulares e caixas de e-mail. A delicada criança de quem cuidamos com carinho, mas sem controles ou limites, começa, por entre sorrisos, a mostrar suas garras sutis que, com o mínimo de alarde, nos iludem e dominam impiedosamente. Horrorizados com qualquer pensamento que possa remeter a um passado á base de cartas, luzes de vela e carruagem guiadas por cavalos, nos fechamos em uma redoma cheia de fios e iluminação digital, guardada ferozmente pelo pequeno monstro desenfreado que ajudamos a criar. Logo, ao invés de usaremos o progresso como arma na luta contra problemas básicos, que o mundo, no auge do século XXI, ainda enfrenta; progredimos para agradar a nós mesmos e não aos outros.

A tecnologia desenvolve no homem sede desenvolvimento de novas tecnologias. Tornamo-nos, pois, escravos de nossa própria criação. Paramos, letargias, enquanto a ciência avança sem percebermos seus reais benefícios. Nosso pequeno bebê cresceu, ainda precisa de nós, mas não o suficiente para nossas tardias ordens desesperadas.