MELHORES REDAÇÕES DE ALUNOS

Nasser Nasbine Rabeh
Criar Ribeirão Preto

Invejem-nos

Há muito tempo a inveja é tida como um sentimento negro dentre os seres humanos. Ela nos remete a diversas comparações econômicas, intelectuais ou físicas que, na maioria dos casos, geram um complexo de inferioridade constante. No entanto, existe o viés positivo de tal estado, que ocasiona a admiração e como consequência o incentivo ao desenvolvimento e melhorias. Atualmente, no mundo globalizado e competitivo, as duas vertentes se confundem.

A força motriz da sociedade atual são as comparações. Se sobressair mediante inúmeros aspectos sejam eles econômicos, físicos ou intelectuais é se diferenciar em relação à massa anencéfala e alienada moderna, é ser alvo de inveja alheia. Muito desse sentimento é resultado da pressão sofrida, desde a juventude, pela busca de um rumo, de um futuro viável. Dessa forma, o vestibular atua como noção a tais instintos animalescos, pois cria o medo da incapacidade e consequentemente a inveja. Em tempos de globalização, o desgosto pelo bem de outrem é um pecado vil.

Entretanto, existem indivíduos que absorvem os conselhos e, a partir de observações, se desenvolvem. Durante muito tempo a "mimesis" foi tida como uma virtude do ser humano, que podia o diferenciar e enobrecer. Hoje, se espelhar em alguém e a partir daí se sobressair é comum e exemplos como Bill Gates, reformulando um projeto feito e desprezado, criou a Microsoft, demonstram o caráter nobre da inveja: o de incentivar. Em tempos de globalização em que a competitividade atinge o seu apogeu, a inveja, se manuseada corretamente, é um dom, pois gera desenvolvimento e melhorias.

É extremamente complicado estabelecer parâmetros e análises de um sentimento tão subjetivo e propício a mudanças. A forma como cada pessoa se relaciona socialmente e reage às mais diversas situações constitui a base do desenvolvimento individual, ou seja, determina as diretrizes a serem seguidas. Tal ambiente de cobrança gera um sentimento ainda mais profundo, o medo, temor pela falha ou desapontamento mediante a sociedade e ao próprio indivíduo.

Em tese, atualmente, é muito difícil generalizar o caráter da inveja como um pecado ou um dom, pois remete ao indivíduo, à forma como este estabelece as reações e as norteia. É importante salientar que desde o estabelecimento da meritocracia e da excessiva competitividade, a começar nas escolas, criou-se um ambiente propício ao sentimento de destruição alheia. É por isso que os indivíduos que se sentem inferiores e, a partir de observações, se desenvolvem, são cada vez mais valorizados. Resta torcer para que outros os invejem e façam o mesmo.