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Rodolfo Ilário da Silva
Criar Bebedouro

Ostentação e estoicismo, o duelo do capitalismo

Fatos como a invasão d luxuosa loja Daslu provam que há consciência de ambas as partes a respeito da existência da desigualdade. Essa representante da grande amplitude social brasileira, localizada próxima a uma favela, perderia boa parte de seus sagrados clientes se estes conhecessem teorias marxistas. O objetivo não é a apologia ao socialismo e sim a teses comprovadas pelo próprio capitalismo.

Os com-culote da sociedade brasileira crêem na solidez de sua riqueza insaciável e ambicionista. Proprietários de lojas como a Daslu acreditam na fidelidade de seus clientes. "No capitalismo tudo que é sólido desmancha no ar. Tudo que é sagrado se torna profano." Karl Marx elaborou, confiante, essa teoria confiável que se comprova, dentre inúmeros exemplos, pelas crises cíclicas iniciadas em 1929.

Ficou provado, com o fim da Guerra Fria e a vitória do ocidente, que o capitalismo agrada mais que o socialismo. O rumo monopolista tomado, porém, acentuou-se excessivamente. Sustentada pela sociedade de consumo essa fase capitalista é a geradora de tantas e tão grandes diferenças. Desprender-se desse vício consumista radicalmente não é necessário nem seria eficaz, mas um processo gradual teria sucesso.

O estoicismo de Ricardo Reis, heterônimo de Fernando Pessoa, é a vertente radical dessa mudança. A não natural vontade de abandonar o materialismo que se verifica no autor só se faz possível quando o ambiente é favorável. Diante das diárias comparações e admirações sofridas antes por adolescentes e hoje por cidadãos de todas as idades deixam os mesmos preocupados demais para adotarem o estoicismo.

Conscientes das desigualdades, mas nem tanto a respeito dos caminhos para solução seguem as reclamações sobre a estereotipada culpa do governo. No próximo ano, em que coincidem eleições e Copa do Mundo, espera-se que a população esteja mais cética e não caia na estratégia eleitoral ufanista que certamente virá.