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Precipitado Metropolitano

Philip S. Golub, professor associado do Instituto de Estudos Europeus e professor da Universidade de Paris, afirma que pela primeira vez na história da humanidade a porção da população mundial que vive em áreas urbanas ultrapassou, entre 2007 e 2008, aquela que vive em zonas rurais. Deste modo, os moradores das grandes cidades sofrem com a saturação metropolitana que resulta em fenômenos como a poluição, trânsito e especulação imobiliária. Assim, os cidadãos têm que viver à mercê desses fatores que são prejudiciais à saúde e até mesmo à economia.

Pelo fato da Saturação Metropolitana ser um processo histórico que teve início na Primeira Revolução Industrial, seus sujeitos refletem e agem nos centros urbanos atuais tornando a vida de seus moradores um verdadeiro caos. Antes dessa ruptura entre urbano e rural, a vida econômica e social foi, durante milênios, dominada pelo ritmo lento da economia convencional, com os vilarejos e primeiras cidades mantendo uma "relação simbiótica" com o ambiente natural. Entretanto, com a formação das grandes cidades, surge uma nova dinâmica de vida, a urbana, que levou a concentração do trabalho e de capital à cidade, e assim ao êxodo rural e paulatinamente à aglomeração dos centros econômicos.

Os pólos urbanos, por muitas vezes, cresceram desproporcionalmente no sentido centro-periferia. Isto fez com que áreas fossem intituladas "nobres" pela proximidade das indústrias e centros comerciais, e, portanto, privilegiadas em detrimento das outras que não recebiam tantos investimentos e infraestrutura quanto as regiões mais lucrativas. Esses fatores se desenvolveram tornando-se um fenômeno chamado Especulação Imobiliária. Além desses, a falta de infraestrutura resultou em problemas graves como o trânsito, a poluição e a falta de espaço nas localidades "nobres", afetando a convivência e o bem-estar social.

Observamos uma evolução dos meios de transporte desde as carroças e carros-de-boi até as máquinas a vapor, seguidas pelos automóveis. Esses últimos emitem gases, tais como CO e CO2, e, com o excesso de contingente e a necessidade de se locomover rapidamente por grandes distâncias, levam ao uso intensivo dos recursos de energia fóssil desde a primeira Revolução Industrial, o que acarretou a alteração significativa do ecossistema.

Logo, a vida nas grandes cidades é como uma solução química, na qual o catalisados é o "capital", que torna rápido o desenvolvimento. A cidade é o solvente por onde circulam as pessoas que são o soluto. Dessa forma, as Metrópoles tornaram-se cada vez mais concentradas até o ponto de saturação. Não satisfeitos, hoje conseguimos atingir o estado de "precipitação", ou seja, quando não há mais como dissolver o saturado, formando no fundo do recipiente o precipitado. Este, assim como a cidade, não tem mais "espaço" para um carro, uma construção ou até mesmo um cidadão, e assim vivemos em um "Precipitado Metropolitano".