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Marcelo Trevisan N. Okano
Criar Ribeirão Preto

Manifesto das Flores

Uma flor circunscrita pela multidão. Solitária. Esquecida na barraca de frutas, foi amarrada às correntes da austeridade. Não resistiu. Protestou. Ateou fogo em suas próprias pétalas. Se o perfume da flor não fora capaz de garantir sua vida, que o cheiro da fumaça fétida trague os olhares de outras plantas: tunisianas, egípcias, africanas - também solitárias e esquecidas. É o aroma da Revolução de Jasmim.

A juventude Rodierna faz parte de uma geração com maior nível de formação e de informação. É o presente e o futuro de uma elite cultural, germinada para garantir o equilíbrio social. No Chile, por exemplo, o protesto estudantil que paralizou uma nação em busca da melhoria educacional responde ao mais arcaico clichê da contemporaneidade: os jovens somos uma casta sem ideais?

É verdade que nem todas as flores conseguem combater a morbidez e a complacência, frutos da alienação. Contudo, ainda há muitos jardins, os quais exalam um ufanismo revolucionário. Sambam "Unidos contra a corrupção" de um jeito bem brasileiro, que relembra as "caras pintadas" das Diretas Já. Jovens travestidos de burcas, "em nome de Alá", são capazes de explodir Rosas de Hiroshima nas monozigóticas torres do império capitalista estadunidense. Rosas, jasmim, margaridas... cada qual com seu preceito, mas todas florecem em, prol de um sonho.

O jovem tunisiano que ateou fogo contra o próprio corpo é o maior símbolo da força juvenil do século XXI. E o melhor é que ainda somos munidos com a tecnologia das redes sociais. Pedros Bala com um "smartphone" em uma mão e os espinho na outra. Um clique e pronto. Forma-se outro jardim de Capitães da Areia questionando o totalitarismo de governos que perpetuam no poder. É o poder revolucionário em Brasília, no Brasil, na África, no mundo.

Hoje o estereótipo de "Jeca Tatu" explicita uma superficialidade sem igual no modo de enxergar a juventude atual. Juventude que espalha suas raízes e expele o cheiro das revoluções. Jovens que não querem ser queimados, embora, se necessário, coloquem suas pétalas em chamas. Movimentos regionais ou mundiais que convocam: Flores, uni-vos!