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Louise Scridelle Tavares
Criar Campinas

O homem é um "soldado amarelo"

"Pensando bem, ele não era homem: era apenas uma cabra. Vermelho (...), encolhia-se na presença dos brancos e julgava-se cabra". O retirante de Graciliano Ramos se identifica, através de uma imagem animalesca de existência, - ou subsistência- que, ao contrário da noção comum, não lhe é imposta pelo meio inóspito, mas pelos atores sociais que promovem deliberadamente a desumanização dos Santos Fabianos.

Essa degradação do indivíduo ao status de "bicho" se constitui, através da travessia pelo agreste, limítrofe entre os valores antropológicos sociais e o instinto inato. A partir do momento em que a polarização em sentido do "humano" é atingido, perde-se o Fabiano, tem-se a cabra. É óbvio que, nessa nova condição, o ser deixa de participar do mundo de regras sociais; alienado, recorre a si mesmo para sobreviver.

Como é essa exclusão que caracteriza a sub-existência, os responsáveis pela promoção da extrema marginalização são também os promotores dessa miséria. "O homem é o lobo do homem", outorgou Hobbes. Subjugar um igual à condição tão ínfima de essência torna então o homem em um predador intraespecífico.

Sendo assim, a sociedade deveria pautar-se na coesão entre seus indivíduos - a predição hobberiana do homem contra o homem implica em uma incoerência em relação a essa mentalidade ética e social. Ora, se o pensamento coletivo é o alicerce da definição do ser - humano, o contradizer é perder essa identidade, é tornar-se animal. O Bicho vira homem do Bicho. Portanto Fabiano, "você é homem"; mais homem do que os que o fizeram bicho.