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Mariela P. Graner
Criar Ribeirão Preto

As polícias e os manifestantes atuais

Em São Paulo, a Polícia Militar entrou em confronto com cerca de mil manifestantes que participavam da Marcha da Maconha, a qual tem o objetivo de fomentar o debate sobre a legalização da referida droga. Porém, tendo em vista as características do nosso país, o que seria mais benéfico para a população: liberar as drogas? Legalizá-las? Discriminá-las? Ou continuar proibindo-as?

Nesse contexto, podemos comparar a policia com os setores conservadores da sociedade e com as famílias que participam do "Grupo Amor Exigente", os quais discordam de qualquer tipo de ação que não seja a punição e o combate. Segundo Antônio Costa, chefe do Escritório das Nações Unidas Contra a Droga e o Crime (UNODC), o fato de haver dificuldade para fiscalizar as drogas não significa que elas devem deixar de ser controladas, afinal, a humanidade deveria aceitar a pedofilia por um senso ingênuo de que é inevitável? Penso que não. Além disso,muitos estudiosos defendem que se houver a legalização a legalização da maconha, por exemplo, o consumo pela população mais jovem irá aumentar. Assim, se por um lado a possibilidade de diminuir o narcotráfico, por outro, pode aumentar um tipo de criminalidade menos violenta, porém igualmente negativa, entre os jovens e as complicações nas instituições de ensino.

Porém, também há aqueles que se comportam como os manifestantes da Marcha da Maconha. No documentário "Quebrando o tabu", Fernando Henrique Cardoso defende que precisa-se debater sobre a política de drogas, já que a "tolerância zero" até hoje não conteve a produção. O ex-presidente é a favor da descriminação da maconha, na qual a pessoa usuária de drogas não é considerada criminosa se for abordada utilizando uma quantidade especifica pela lei, e até a regulamentação, instituindo locais próprios para o uso; mas não é a favor da liberação, já que afirma que o combate ao tráfico e aos criminosos devem continuar inflexível. Um dos argumentos contidos no documentário é que tal ação irá reduzir o poder dos "comandantes" do narcotráfico e os usuários não necessitarão mais manter contato com aqueles.

Ademais, "Quebrando o Tabu" também mostra as experiências de outros países em relação a discussão. Portugal, por exemplo, discriminar o consumo e quem é flagrado com drogas para o uso próprio recebe alguma penalidade, como fazer tratamentos e serviços obrigatórios, o que ocasionou em um declínio dos contaminados pelo HIV. Porém, Portugal tem uma população pequena e instruída, o que não podemos dizer do Brasil. Na Holanda, há a regulamentação do uso, pois a venda é apenas permitida em coffe shops. No entanto, os holandeses e o Governo federam precisam-se se defender diariamente do tráfico e suas conseqüências que ainda persistem.

Em suma, essa questão é muito perplexa e todas as ações tem seus prós e contras. Entretanto, independentemente de qual for a decisão, primeiramente, o governo deve lançar campanhas educativas como faz com o tabaco e conscientizar a população sobre os riscos das drogas, inclusive a maconha, a qual, apesar de ser "leve", também faz mal à saúde. Com isso, o consumo se reduziria, afetando o tráfico. Além disso, não há como pensar em legalização sem antes melhorar o precário Sistema Único de Saúde (SUS), a qual teria que atender todos os usuários, tratando-os como doentes e dependentes químicos. Assim, certamente, "policiais" e "manifestantes" ainda tem muito o que discutir.