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Otávio Gonçales Lozano
Criar Monte Alto

Sociedade fordista e alienada

Há uma nova força que atua, aliás, desmantela a humanidade, esta se tornou um produto daquilo que produziu, afinal o que é a sociedade senão um robô dentro do universo que requer programação? Essa força é chamada de tecnologia e sua ausência no século XXI provocaria o que não foi ocasionado pelas duas grandes guerras, o impacto seria indubitavelmente brutal.

A história nos lega a imprescindível necessidade de criar ferramentas, meios para facilitar tarefas, isso é notável desde o surgimento do homem. Assim nasceu a tecnologia com um significante desenvolvimento, sobretudo na 1ª Revolução Industrial, e logo essa ferramenta do capitalismo com o papel de ajudar o homem na produção, não só o faz como também o substitui gerando um infeliz, impactante e desanimador processo de desumanização.

Um dos introdutores do Realismo, Eça de Queirós, nos deixou uma alegoria imortal e gradativamente mais atual: Jacinto de Tormes do romance A Cidade e as Serras, o processo de desumanização está presente no personagem ao abandonar questões e tarefas simples do cotidiano em prol de uma civilização, e de seu desenvolvimento, o que é incoerente. Assim é a sociedade secular, ridiculariza atos humanitários, ou aqueles mais singelos a fim de priorizar o sistema produtivo. Logo tanto desenvolvimento técnico faz do universo uma máquina veloz e nessa proporção descartável.

O século XIX, dentre os tantos acontecimentos, teve a 2ª Revolução Industrial para atender uma burguesia insana e insensata, por conseguinte o Taylorismo e o Fordismo dos "Tempos Modernos" de Chaplin ilustram a alta fragmentação do trabalho, e hoje nas informações e em especial no psicológico, somos destinados a enfrentar a mesma tarefa diariamente. Aquilo que era em suma dedicado a divisão do trabalho em série, propiciou outras divisões, e uma fragmentação individual, logo a terrível conseqüência da alienação e da irreflexão. Assim não temos máquinas de abotoar ceroulas de Jacinto, entretanto temos robôs para consolar vítimas de tsunami no Japão, o que deveria ser uma tarefa humana se a mecanização não tivesse ludibriado a consciência sufocada pela tecnologia.

A civilização de Jacinto é a atual, o indivíduo foi rebaixado, será descartado e entulhado no lixo, haja vista com o desemprego proporcionado pela mecanização, a gradativa interferência das mídias na privacidade, a impertinente rotina que impossibilita a leitura, a reflexão. O universo é futurista como Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa, neurótico e masoquista, contudo um futuro incerto, irracional e incoerente.

A nova era do conhecimento técnico científico, da robótica, ao passo que promove modernização, marginaliza questões humanas e sociais tão valiosas e quase esgotadas. A fragmentação do coletivismo em detrimento dos meios produtivos é o ápice de uma sociedade fordista e alienada, torturada pelas programações do sistema. Ações executíveis precisam restaurar a humanização, aquilo que é quisto, a cidadania, por exemplo, e posteriormente a produção e a tecnologia a fim de que o criador não seja escravo da sua criatura.