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Clara Martinuze Martins
Criar Ribeirão Preto

Manto diáfano

O corpo humano funciona pela correlação e trabalha coletiva dos órgãos que o forma. De forma análoga, as cidades deveriam funcionar pelo auxílio entre Governo e população a fim de promoverem a civilização. Entretanto, o que se vê é completamente o contrário. As cidades não promovem a civilização, mas sim a desumanização. Funcionam em um limbo, assistem a suas vias sendo entupidas e destruindo todos os seus sistemas.

Para alguns, a cidade é a materialização da natureza social do homem. Em "A Cidade e as Serras" Eça de Queiroz mostra que, na cidade, repleta de parafernálias, Jacinto vive com seu criado Grillo, ironicamente seu nome remete a um inseto não polinizador, e não floresce. Assim, a cidade funciona apenas como catalisadora das riquezas materiais, produzindo uma ilusão temporária culminando com a completa prestação.

Em contrapartida, há aqueles que consideram o ambiente urbano como uma selva de pedras a ser evitada. As mazelas presentes são completamente ignoradas e contrastam com carros blindados e condomínios fechados. Pessoas dormindo em calçadas esburacadas, alimentando-se de restos, vivendo em condições, de fato, desumanas. Para estes, a cidade multiplica apenas suas desgraças e o governo pouco faz a respeito. Este atua como a Penélope de Odisseu, tecendo planejamentos e os desfazendo a cada quatro anos sem grandes marcas deixadas.

As melhorias nas cidades, buscando atender a grande demanda populacional, teriam efeitos em vinte anos, no mínimo. Tal fato explica o desinteresse dos políticos, muito mais preocupados com a construção de uma ponte dos que com obras de saneamento básico, por exemplo. As cidades estão tendo suas vias entupidas e assistem caladas à sua destruição. AS pessoas buscam o campo apenas para lazer, embora seja dele que saia aquilo que as alimente. A população não percebe a desumanização à qual está submetida, mas busca no "Facebook" e "City Ville" que alegram suas madrugadas.

As cidades são, hoje, recônditas das mazelas que as tornam desumanizadas. Para alguns são vistas com olhos positivos, embora para a maioria consciente torna-se uma selva a ser evitada. Civilização é apenas um monte diáfano que cobre a posição urbanizado país. As melhorias acompanham interesses partidários, tecidos e desfeitos a cada quatro anos. A máquina pública deveria ser a condição necessária, mas infelizmente não é suficiente.