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Lívia Maria de Angelis Furlan
Criar Ribeirão Preto

Os irmãos e sem pernas de hoje

Sob um sol escaldante e uma seca imperdoável os irmãos cansados da caminhada ininterrupta são obrigados a continuar, em caso de parada os castigos corporais vêm à tona pelas mãos do pai. Violentados pelo abandono da assistência governamental e violentados fisicamente pelos pais, já que era a forma mais coesa para Fabiano cuja fala era quase impossível, esses irmãos são apenas um exemplo da grande parcela de crianças e adolescentes que sofreram com a violência. Seria essa, então, apenas física e de origem familiar?

Os meninos do trapiche do livro Capitães da Areia sofriam mais do que nunca com agressões físicas, a exemplo o sem Pernas que ironicamente foi violentado por quem deveria lhe proteger - a policia. Entretanto, mais do que física, a agressão do abandono, da rejeição da sociedade para com eles era a pior das violências. Isso ainda se reflete, crianças desamparadas de moradia, educação e saúde nada mais são do que violentadas pelo governo e sociedade, já que quando abandonadas pelos pais ou por falta de capacidade e meios desses de lhes manter, a sociedade é quem deveria lhes amparar através de programas de assistência ou deveria se mobilizar para que nosso governo oferece a assistência necessária e de direito dos jovens.

A Lei da Palmada transmitiu recentemente pelo poder legislativo determinando o fim das agressões físicas como meio educacional familiar. Porém, nossos representantes se esquecem de que o processo educacional falha muitas vezes devido à violência moral através das concessões sem limites na formação da personalidade e valores das crianças e dos adolescentes. Logo, cabe ao governo criar melhores políticas e programas que envolvem o processo educacional.

A escravidão, o trabalho infantil, os alvos sexuais e a prostituição são ordenados, principalmente, pelo próprio sistema. Tais fatos também não deixam ser atos de violência, mas uma violência moral além de infratora dos direitos infantis. Milícias sustentadas e formadas pelo próprio sistema, o qual deveria lhes proteger, capturam adolescentes, por exemplo, para levá-las à prostituição.

Portanto, a violência contra crianças e adolescentes não é apenas física, mas também moral assistencialista como relatado no livro "Vidas Secas". Ela também não é proveniente apenas do meio familiar, porém, principalmente, da sociedade e dos nossos próprios poderes e sistema. Logo, só uma mudança na forma de agir de nossa sociedade em abrigar os jovens violentados e nas políticas e programas governamentais é que mudarão de fato e definitivamente os rumos históricos desse problema.