MELHORES REDAÇÕES DE ALUNOS

Arthur Lauand Vargas
Criar Ribeirão Preto

Muitas bocas e poucos cérebros

Se o jovem de 16 anos é capaz de fazer sexo, trabalhar em programas do governo, como o menor aprendiz e está apto a votar, deve responder criminalmente pelos seus atos. Certo? Ledo engano. Exigir a redução da maioridade penal, principalmente em momentos de comoção social, não passa de um ato impulsivo, infundado e que desconsidera a real função da pena. Logo, se considerássemos tais momentos, teríamos algo semelhante à vingança e distante do direito; pregado por uma sociedade com muitos decibéis e poucos neurônios.

IMPULSIVO. O homem, quando age de tal maneira perde o que lhe distingue dos outros animais. Erguer a bandeira da redução da maioridade penal após um crime hediondo, cometido por um menor, ser exibido na mídia não passa de irracionalidade. Afinal, nesses momentos de comoção social, se esquece de que, biologicamente, somos imaturos até os 25 anos, tempo necessário para o total desenvolvimento do córtex pré-frontal. Assim, se aos 18 anos ainda somos impulsivos e imaturos, responsabilizar um menino ainda mais novo por atos impensados é mais uma prova de nossa própria imaturidade.

LEIGO e imaturo. Além da biologia, falta-nos uma breve noção de direito, visto que ao contrário do que a maioria pensa, a pena possuí caráter reeducacional, e não vingativo. Ou seja, um garoto de 17 anos não seria preso, caso efetivado a redução, para sofrer ou receber uma "vingança" do Estado; como muitos creem, e sim para poder voltar a conviver em sociedade sem apresentar risco ao próximo. Afinal, buscar justiça não é pregar o código de Hamurabi.

ALIENADO pelo motim social, outro fato que, aparentemente, se esquece é a questão financeira. Com a maioridade penal fixado em 12 anos a maioria das penitenciárias brasileiras encontra-se saturada e em condições insalubres. Reduzir essa idade implicaria mais detentos, piores condições e ainda mais gastos ao Estado. Evidenciando, com isso, mais um fato "ignorado" pelas inúmeras bocas ao propagarem a redução da maioridade penal sem, no entanto, analisar algumas condições básicas do sistema judiciário do Brasil.

Por conseguinte, reduzir a maioridade penal mostra-se, acida de tudo, um equívoco. Movida por momentos de comoção social, boa parte da população adere à causa sem, no entanto, analisar a situação do país. Assim, o homem IMPULSIVO, LEIGO E ALIENADO propaga a redução ignorando fatores biológicos, judiciais e financeiros; unindo-se, assim às inúmeras bocas que produzem muitos decibéis a favor da causa, contudo, sem usar os neurônios.