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João Pedro Carnesecca
Criar Ribeirão Preto

Bom...bas-relógio no Mun...do Contem...porâneo

Ur...gente. 2013, século XXI, pós IV Revolução Industrial. Recentemente foi descober...to um esquema internacional de espionagem, do governo dos EUA, através das redes tecnológicas. Quão alarmante soa tal notícia? Pode (e deve) ser considerada urgente. Não obstan...te, parece que a maioria da população atentou-se mais à contratação de um famoso atleta brasileiro por um time europeu. "É urgente recuperar o sentido de urgência". Eli...ane Brum sintetiza uma das piores perdas advindas do progresso tecno...lógico: a noção do que é urgente. Não somente no âmbito da mídia, mas também da constante invasão de cada um sob essa premissa. Quais as consequências dessa cone...xão e disponibilidade extremas?

URGENTE: que é necessário ser atendido ou feito com rapidez; que não pode ser adiado. Diante desta definição. Do dicionário Houaiss, cabe-nos uma indagação: estamos mesmo perdendo o sentido desta palavra? Para somar tal dúvida, uma observação do cotidiano é necessá...ria: fofocas, assuntos irrelevantes, que se utilizam de uma maquiagem de imprescindíveis para atrair e alie...nar pessoas. Além do papel midiático na destruição do sentido de urgente, é claro o papel da invasão que sofremos na forma de demanda e profissional, através da tecnologia. Colocamo-nos no papel de acessíveis a todo momento, e somos, simbolicamente, violentados sob o pretexto da (pseudo) urgência individual.

Urgen...te. Cada vez mais rodea..dos por artefatos tecnológicos, nos encontramos "online" a toso momento, permitindo que aqueles que desfrutam do gozo de se acharem imprescindíveis, possam nos acessar. E quais consequên...cias advêm de tal contexto? Há uma tangível perda de privacidade - análoga a distopia de Orwell, "1984" -, que também serve de catalisadora para uma consequência pouco discutida, mas que habita o homem contemporâneo: a ansiedade crônica, decorrente do tempo que passamos "off-line", no qual sentimos uma perda de (supostas) informações valiosas - assim consideradas por não sabermos o que é realmente urgente.

Urgente! Tudo é urgente, e assim sendo, nada mais o é. Ao perdermos tal sensibilidade passa...mos a não dar real valor ao nosso tempo, entregando-o a coisas fúteis, das quais não se tira proveito. Tal fenômeno é facilmente observável: ao ser perguntado sobre quantas horas o dia parece ter atualmente, a maioria dos homens responde ser bem menos que 24. O filme "In Time" apresenta uma ideia do valor do tempo: as pessoas detêm um relógio digital, que quando zera mata seu possessor. Se nada for modificado atualmente, nossa necessidade de tempo será análoga a daqueles que possuíam poucos segundos no relógio.

Urgente? Assim como um aparelho celular pode interromper a produção de um texto como este (...), muitos aparatos tecnológicos tolhem relações e situações cotidianas, por apresentarem "pseudourgências" prontamente atendidas. Encontramo-nos cada vez mais conectados e disponíveis, o que configura uma realidade na qual todos estão "on-line", mas simultaneamente "off-line" para valorizar o tempo, por exemplo. O tempo de nossos relógios está esgotando, e o primeiro passo para retrocedê-lo é redefinir o sentido de urgência.