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Jorge Cocicov Neto
Criar Ribeirão Preto

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A conflitante conjectura humana plota diferentes opiniões a cerca da possibilidade de conciliação entre trabalho e tempo livre. Progressivamente esse épico embate vem se tornando mais contundente na medida em que as atualizações / conservações de modelos e estigmas socioculturais passam a repercutir nos atuais quase 6,5 bilhões de seres humanos.

Do pretérito ao presente, a busca por ferramentas que maximizassem o tempo livre se fez incessante. O posto em prática, entretanto, subverteu o que fora planejado. Nas rupestres rodas que serviriam para chegar mais cedo no aconchego do lar "enganaram-se" as esteiras da Revolução Industrial que chegou a massacrar 18 horas por dia sua prole operária. As invenções implicaram em um superávit cada vez maior no tempo destinado ao trabalho, chegando ao ponto de hoje o ofício adentrar as residências na forma de celulares e computadores plugados sistematicamente.

O motivo dessa expansão à conexão ininterrupta com o trabalho pode ser facilmente compreendido ao se analisar as bases culturais estabelecidas. Imersos em um sistema em que o tempo é concebido como dinheiro, deixar de produzir pode ser um "preço" caro demais a se pagar. Sem recursos financeiros, a discriminação social e os custos do tempo livre ficam, dessa maneira, comprometidos.

Paradoxalmente esse mesmo atrelamento entre os objetivos do tempo livre e a necessidade financeira desencadeou uma nova, e infelizmente ainda pouco difundida, concepção sobre o trabalho. Empresas tal como a Google, Apple e Microsoft percebendo essa interdependência decidiram por dar os primeiros passos na direção da descaracterização do ofício, tornando-o mais agradável e prazeroso a seus subordinados. Destoando do estereótipo até então vigente, tal postura refletiu em um significativo incremento na produtividade e uma menor demanda / necessidade de tempo livre por seus funcionários.

A conciliação entre trabalho e tempo livre mostra-se, portanto, possível. Porém, improvável que se dê em um curto espaço de tempo. O modelo arcaico no qual os projetos destoam do que é posto em prática ainda está fortemente enraizado (plugado) em nossa cultura. Cultura essa que ainda hoje propagandeia o "Time is Money" responsável por segregar socialmente os menos abastados e encarecer os custos do Tempo livre. Assim, a descaracterização do (necessário) ofício, apesar de ainda pouco difundido, apresenta-se como uma possibilidade para futuras conciliações.