Navegar é preciso. Vitor Negrete, após escalar pela segunda vez o monte Everest - dessa vez sem cilindro de oxigênio - faleceu, trazendo à tona discussões a respeito da coragem, ousadia e estupidez. No séc. XVI, monstros e tempestades assombravam o português quanto ao mar tenebroso. No entanto, sua ousadia iria mudar a história da humanidade. Tal ousadia foi exaltada por Camões em "Os Lusíadas", ressaltando a coragem lusa bem como suas gloriosas consequências - tema retomado por Fernando Pessoa no Modernismo português. Mas afinal, quanto às grandes navegações e à escalada do Everest, valeu a Pena?

"Quem quer passar além do Bojador / Tem que passar além da dor". Na atualidade, ser ousado é se sacrificar, é passar por dificuldades. São exatamente essas dores que limitam a visão e a coragem do homem. O medo de sermos julgados pelos outros, ou de não obtermos êxito faz com que sejamos pouco ousados. No entanto, a ambição de Negrete provou que a ousadia pode ser um processo de superação para as próximas gerações, apesar das duras consequências.

Através da ousadia a humanidade evoluiu. Sim, "muitas mães choraram, muitos filhos em vão rezaram, muitas noivas ficaram por casar", mas hoje o mar é nosso; a conquista é nossa. Desde a ousadia de manusear o fogo, de cruzar o Atlântico, até as mais novas descobertas na medicina, hoje provam que experimentar é necessário. Para darmos continuidade à humanidade, navegar é preciso. Somos o que somos hoje, devido a heróis que trocaram a vida pelo risco. Afinal, não ser ousado é perder oportunidades na vida e o fruto da ousadia é a conquista.

"Tudo vale a pena / se a alma não é pequena". Seja por satisfação pessoal ou por altruísmo, a ousadia constitui um processo de superação. O gigante Adamastor de Negrete foi um monte, que fora superado. O nosso Adamastor talvez seja a doença, o trabalho, as relações pessoais... O que importa é que devemos enfrentar o mar tenebroso, pois se não for para nós, será uma superação para as próximas gerações. Portanto para nos superarmos a cada dia e darmos continuidade à humanidade, navegar é preciso!