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Leon Eliezer Viscome
Criar Franca

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O Brasil passa por mudanças. Nem os mais perspicazes analistas políticos imaginariam, há dez anos, as prisões de Eike Batista, Eduardo Cunha ou Marcelo Odebrecht. Recentes eventos policiais (e não políticos) resgatam esperança num povo que, ainda que sempre unido, já se acostumara a viver sob as amarras da tirania, da irresponsabilidade, dos nocivos acordos entre uma poderosa elite e um corrupto estado, e, de maneira geral, aprendera a ser feliz sem sua liberdade. Numa reviravolta, o Brasil corre o sério risco de dar certo.

Ordem e Progresso: a história brasileira sempre almejou ao Estado Positivista de Comte,coletivista e autoritário, colocando a Pátria acima de tudo - inclusive dos brasileiros. A forte repressão às revoltas no Período Regencial, o Golpe de 1889, o Golpe de 1930, o Golpe de 1964, a censura, a tortura, a perseguição política e os assassinatos são apenas exemplos do histórico centralista do Estado brasileiro. Esse caráter centralista extende-se para os aspectos econômicos e sociais, visto que vivemos num país patrimonialista. O estreitamento das relações entre a elite econômica e o Estado é responsável pela desigual e improdutiva estrutura fundiária, pelo tardio abolicionismo, pelos protecionismos econômicos de 1850 até 1980, pelas irresponsáveis políticas econômicas (como a Nova Matriz Econômica, o Encilhamento ou todo o governo Sarney) e pelo corporativismo causador da corrupção que vem, finalmente, sendo exposta. Contudo, a História já não cabe ao presente, e o povo já não aceita o legado do positivismo, mas clama por um país livre e brasileiro - sem lenço nem documento.

Em oposição ao Estado e às dominantes camadas sociais, o povo brasileiro é indiscutivelmente admirável. Reconhecidos mundialmente pelos talentos artísticos e esportivos, pela hospitalidade, pela alegria e pela criatividade, aprendemos a criar união e felicidade nos momentos de desespero. A conquista do tri em plena ditadura militar, o sucesso do samba durante a Era Vargas e o advento do tropicalismo - o mais brasileiro movimento musical - são exemplos que ressaltam a resistência do espírito brasileiro diante das ameaças que vêm de cima. Esse povo reflete hoje um forte sentimento antipolítico, que tem como maior expoente o apoio popular à Operação Lava-Jato, graças a uma demanda por justiça e por mudança. Tal mudança, tudo indica, será no rumo de uma sociedade liberal, que valoriza os prazeres individuais, a vida urbana e poucas fichas aposta na falida política nacional.

Cabe otimismo no que se refere ao futuro do Brasil. O atual momento de instabilidade política é o inevitável colapso de um modelo centralista, corrupto e irresponsável de governança, e o atual descontentamento não cessará antes do declínio do domínio central sobre nossas vidas. Luiz Felipe Pondé já afirmou que "a verdadeira revolução seria o Brasil se tornar capitalista"; de fato, o povo anseia por um Brasil liberal, longe das amarras da tirania, coerente com a felicidade de um povo que deseja "esquentar os pandeiros", "iluminar os terreiros" e sambar.