MELHORES REDAÇÕES DE ALUNOS

Maria Paula Simões Lima
Criar Franca

Camões às avessas

Solução para as mazelas da vida, personificação da felicidade, república do consumo. Todas essas expressões caracterizam o grande símbolo capitalista: o shopping transformou-se em refúgio, ponto de encontro, ou, centro de lazer, para aqueles que compactuam com o sistema vigente.

O capitalismo, que tem como alicerces a riqueza e o bem-estar estritamente individuais, usa ambiente para evidenciar suas garras venenosas. Muitos, ludibriados, acreditam residir nos shoppings a resposta para a solidão de suas almas. O consumo torna-se a alopatia moderna, ingerida sem restrições ou contra-indicações. Hipocondríacos da atualidade vêem nos centros de compra sua mais completa farmácia.

República do status, na qual seus "moradores" são nitidamente, pré - selecionados. Os requisitos são prestígio e dinheiro. Todos aqueles que não preenchem tais exigências, ficam a margem da grandiosa residência contemporânea. Nela, o lazer e, no mínimo, a contemplação das requintadas vitrines. Com olhos ambiciosos, associam o poder e nobres valores às mercadorias cultuadas.

Similarmente ao ideal de felicidade de Henry Ford, criador da linha de automóveis a qual leva seu nome, os bens materiais constituem mais que conforto, são o próprio sentido da vida e, os seus centros de venda, como os shoppings, passam a integrar tais vidas. Muitas vezes, transcendem seu objetivo inicial, formando ponto de encontro e de declarada exibição.

Camões, em Os Lusíadas, escreveu "... melhor é experimentá-lo que julgá-lo, mas julgue-o quem não pode experimentá-lo parodiando o pior é experimenta-lo que julgá-lo, mas julgue-o quem não pode experimentá-lo parodiando-o, pior é experimentá-lo que julgá-lo, então, julgue-o quem não pode combatê-lo.