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Júlia De Stéfani Cassiano
Criar Ribeirão Preto

Iludidos pelo falso brilho

As premissas maquiavélicas relatam que um líder público, para conquistar e manter-se no poder, deve mergulhar no jogo de aparências e atuar no teatro político, a fim de emocionar e comover a população, conquistando o voto dessa. Atualmente, os políticos intensificaram o uso das técnicas de Maquiavel e estão cada vez mais semelhantes às prostitutas francesas da Belle Époque. Essas vendiam-se aos poderosos, deixavam se conduzir pelos cafetões e seduziam centenas de homens para conquistar seus tão desejados diamantes imortais.

Os donos dos luxuosos bordeis franceses embelezavam suas damas-da-noite com perfumes, maquiagens e jóias. Elas deixavam-se produzir, para que as aparências tornassem-nas atraentes e escondessem suas podridões. Os políticos, tão vaidosos quanto as prostitutas, entregam para seus agentes e "marketeiros" que atrás das propagandas camuflam as sífilis e a tuberculose política ( a corrupção ). Foi com a ajuda da mídia, a qual mostrou sua vitalidade e juventude, que Collor seduziu e enganou seus eleitores. Agora, baseado nesse grande feito, outros políticos apelam para técnica do rejuvenescimento: Lula, ex-grevista e atual presidente, adotou o botox como forma de eliminar as rugas adquiridas durante os quatro anos de intenso trabalho e promessas à população.

Prometer sem se comprometer é outra forma de seduzir o eleitor. Nos palcos e palanques, os homens públicos prometem soluções mágicas à sociedade, assim como as cortesãs prometiam amor eterno à seus amantes. No Brasil, candidatos à cargos públicos nordestinos abusam Ada vida carente e seca da população, aproveitam-se da ignorância de Fabianos e Severinos e prometem criar fontes mesopotâmicas no sertão; ressurge, então, o curral eleitoral. Na Itália, o ex-primeiro ministro Berluscane, prometeu reformar o orçamento dos aposentados, os quais ainda esperam tal reforma. Assim como é corriqueiro no Brasil, na Itália tudo também "acabou em pizza" que nos é empurrada garganta abaixo.

Não são apenas os humildes e os idosos que se tendem à conquista dos homens públicos e de suas táticas de sedução. Os poderosos também são dominados pelas cortesãs, as quais juram apoio inabalável a eles. A economia brasileira sempre foi regida pelo laço afetivo entre a elite e os políticos eleitos, que só o foram por defenderem os interesses oligárquicos. O Brasil café-com-leite é hoje o Brasil "cana-com-soja". Dessa forma criam-se interesses sociais e econômicos, estes, pois ao priorizar o setor agrícola esquece-se de investir na indústria e no setor de serviços, e aqueles, porque há a geração de exclusão populacional, já que não nos cabe nenhuma parte do gigantesco latifúndio elitista.

O glamour "Maulin Rouge" dos bodéis de Belle Époque não está presente nos prostíbulos políticos atuais, mesmo que os métodos usados pelas cortesãs para ganharem diamantes sejam semelhantes as técnicas executadas pelos homens públicos para conquistarem a soberania. Não há aquele glamour, pois os políticos roubam nossos preciosos votos para manterem-se no poder. As promessas não cumpridas e os jogos de aparência, que nos iludiram, provocam crises éticas, sociais, econômicas e políticas. Assim, pos sermos seduzidos pelo ouro-de-tudo, somos submetidos a viver na lama e permitimos que furtem os nossos diamantes.