Oba, oba; descobrimos que a velocidade da luz no vácuo é 3x10^6 e não 2,99x10^6, como se pensava anteriormente. A ciência está em tudo e qualquer fenômeno pode ser explicado. O homem finalmente saiu da caverna e fez-se a luz. Mas, tanta luz racional não garantiu sua satisfação pessoal. É como o corredor que, pela primeira vez, vence a tão desejada maratona, e vê que nada mudou com um "honra ao mérito" a mais.

Nunca nos voltamos para o entendimento das emoções que regiam os que fizeram a história. Era Luis XIV, o Rei Sol, feliz por deter tanto poder e tantos bajuladores? Seriam os escravos contentes, mesmo com a repressão que o sistema lhes impunha? Foi a tuberculose a única causadora do pessimismo que inundava Byron? Não há argumentos lúcidos para provar que o contexto não influencia o sentimento das pessoas.

O fato é que temos os maiores motivos para ser a geração mais satisfeita com a vida, afinal, constituições garantem a "busca à felicidade" (ainda bem), a escravidão é proibida (em tese) e temos a liberdade de escolher entre Pepsi ou Coca. Porém, o número de insatisfeitos e depressivos aumenta a cada dia e intelectuais ranzinzas se revoltam contra o "senso comum" e a manipulação de massas sem saber que, muitas vezes, esse "conglomerado acéfalo" é mais feliz pulando carnaval e acompanhando a novela.

Não me refiro á "grande massa" como os que aderem ao "plante uma árvore e seja feliz", que não se envolvem em absolutamente nada com profundidade e são absorvidos pela engrenagem social. Refiro-me, sim, ao cidadão que trabalha, tenta controlar seu quociente emocional mesmo sem ter lido Freud e, apesar das amarras sociais e econômicas, consegue sorrir.

Vista de cima, a floresta mostra sua homogeneidade e placidez. Em seu interior, são perceptíveis seus vacilos, suas competições e inconstâncias. O homem é essa floresta, imutável nos sorrisos de bom dia, mas repleto de anjos e demônios que se alternam, e, apesar de encarcerado no mundo em que vive, sempre tem a possibilidade de atingir sua originalidade por meio de algo intocável, impenetrável e intransponível: seu pensamento.