MELHORES REDAÇÕES DE ALUNOS

Mariana Martins Ferreira
Criar Ituverava

A escola e a vida

Desde a infância, o vestibular já é decisivo em nossa vida: os pais procuram colocar os filhos na escola que melhor prepara para essa barreira, pensando no futuro. O ensino está, hoje, voltado para isso. De acordo com a lei, no entanto, o ensino básico deve desenvolver o educando, dar-lhe a formação necessária para ser um cidadão e fornecer-lhe meios para progredir no futuro. Com tanta fixação no vestibular, as escolas parecem ter fechado os olhos para isso.

O ensino dado prioriza a mecanização da memória. O aluno deve estudar todos os dias, saber tudo de todas as matérias e o tenta fazer - pois é o único meio que encontra - pela "decoreba". Passa horas torturando-se em "saber" mais e mais, temendo o mundo lá fora, onde há gente melhor que brigará ferozmente pela mesma vaga no vestibular. Pressionado pela competição e incentivado pela escola, ele decora, decora e decora.

Esse conhecimento memorizado para fazer a prova pode não ser mais usado na vida prática. Estudamos a fase escura da fotossíntese, a mitose, logaritmos e matrizes, a reprodução nas angiospermas, as funções nitrogenadas, magnetismo, Newton, imperadores romanos. Enfim, uma parafernália que, impreterivelmente será esquecida, pois cada um seguirá uma área específica e o que foi aprendido de outros é jogado ao relento, por falta de utilidade.

O tempo do estudante é curto e a escola o preenche com tudo isso, amedrontando para a dificuldade do exame. Esquece-se, assim, do crucial: formar cidadãos. Ao contrário, forma robôs agressivos e alienados. Deixa de ensinar sobre a Constituição, sobre a vida, a educação sexual, os males das drogas, a política - valores essenciais na formação de um ser humano consciente do mundo e crítico.

Dessa forma, após matar o dragão vestibular, o aluno fica perdido, frustrado ao descobrir uma vida que exige os valores ausentes em sua educação. Passar por essa prova é, sim, importante, é a porta para o ensino superior. Contudo, a vida não é só isso, e para vivê-la em sua plenitude, a "decoreba" mecânica das escolas não bastará.