MELHORES REDAÇÕES DE ALUNOS

Samuel Cardoso Santana
Criar Franca

Vestibular: questionário sócio-econômico

Os vestibulares brasileiros aparentam-se com os métodos de escolha dos escravos e cobaias de pesquisas de Josef Mengele. Ao chegar em Auschwitz, os prisioneiros podiam ler a frase "Albeit Match frei", o trabalho liberta, algo semelhante ao que os cursinhos pregam, indicando que o estudo é a chave para abrir as portas das universidades. E o Anjo da Morte de Kitler, aparece encarnado nos examinadores, que processam os mínimos "defeitos" de cada um, para decidir entre eliminá-lo e aceitá-lo.

Desde que surgiram na Roma antiga e reapareceram no final da Idade Média, as universidades são privilégio de poucos. Contrariando a Sócrates e Confúcio, os quais pregavam que o estudo é direito de todos, sem distinção social ou racial, os governos tornavam o ensino avançado corpo integrante dos dominantes, por isso, de difícil acesso. Já o ensino básico, para criar mão-de-obra capaz de interagir com sua labuta, sem questionamento. Os nazistas levaram tal segregação ao limite, criando provas para excluir os indesejados e tornar os alunos soldados de raça pura.

O Brasil não quer militares, mas procura usar o mesmo modelo educacional. O ensino básico público não prepara o aluno para o vestibular, já que tal preparo é de cunho privado, reservando-o para a elite. As questões não avaliam o conhecimento e a cultura adquiridos para a vida e sim matérias que não avaliam sabedoria. De acordo com Foucault, a educação no sistema capitalista é voltada para sua manutenção, portanto separa proletários de burguesia.

Ao contrário do que ocorreu na Alemanha e acontece no Brasil, os vestibulares deveriam avaliar quem possui condições intelectuais para entrar na universidade. Se as questões fosses voltadas para a área em que o curso está inserido, apenas os que realmente merecem entrariam, já possuindo uma base sobre o que será estudado. Dever-se-ia adotar o sistema alemão moderno, que diferentemente do adotado por Hitler, prepara os alunos durante dois anos para o curso que desejam, realizam uma prova específica e apenas os melhores entram.

Os vestibulares que funcionam de maneira foucaultiana devem ser trocadas por um ensino socrático que prepara o aluno para uma prova justa e útil. Homogeneizar os métodos de educação fornece a todos os candidatos as mesmas chances e, com uma série de questões de conhecimento utilitário, uma segregação por merecimento e não por condição social.