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Bárbara Clemente
Criar Ribeirão Preto

A espera da flor do cacto compensa?

Em uma tela de cores intensamente primitiva, em um país que necessita de heróis é representado em partes: a cabeça do ser pintado, apesar de infinitamente pequena, apresenta um ser que pensa, mais exatamente, sonha. Levemente sentado, esse ser tem mãos e pés grandes fixos ao solo. O sol à frente de sua pequeníssima cabeça é tropicalmente intenso e pode ao mesmo tempo ser a flor de um cacto. Assim como o Abaporu de Tarsila do Amaral, a nação que precisa de heróis espera a chegada de um milagre, imóvel. A crucialidade de "salvadores" vai além. As motivações é que deveriam ser cruciais.

A cabeça desenhada infinitamente pequena, mostra um país incapaz de por si só gerar grandes pensamentos, anseios e revoluções. Sonha à espera de um herói, uma resolução para os problemas, uma base para que se entreguem a lutas e transformações. Os povos, acomodadamente, aguardam alguém em quem se apoiar e despejar esperanças e ideais. É o que acontece com o povo brasileiro nas eleições presidenciais, como salvadores nacional querem Pelés e Airtons Sennas.

As mãos e pés fixos ao chão, mostram a imobilidade ou o enraizamento às crises civilizacionais. Conhecedores dos problemas sócio-culturais é mais fácil que se venha uma única luz a quem seguir. Sadans Hussein, Lenins e Nelsons Mandelas são exemplos, cada qual em sua nação. Apesar de admirável é triste viver à espera de um ídolo. Reflete a não-personalidade, a falta de caráter.

Ademais, semelhante ao sol, que arde e ilumina o Abaporu e a terra, o herói, o mesmo que iluminando a sociedade, chama para si aquilo que deveria ser feito pelo coletivo - a atenção - levando a idolatria, do messianismo. Assim foi com Simon Bolíveir e seu miticismo insustentável, assim é com a maioria dos heróis em quadrinhos: individualista, sempre sós, paradoxalmente mostram o "do it yourself".

Então, assim como o sol pode ser a flor de um cacto, esperanças e heróis sempre florescem ("Nelsons Mandelas" sempre são bem vindos). Contudo, a mesma cabeça que sonha e espera poderia motivar-se e seguir si só. Não é a toa que Berthold Bretch disse um dia: "feliz o país que não necessita de heróis". Triste o país que necessita de motivação, primitivamente arraizado à estagnação.