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Charles Borges Rossi
Criar Campinas

Inclusão digital para a mobilidade social: o que o governo está esperando?

O fenômeno tecnológico da internet, para muitos chamado de mais uma Revolução Industrial, tem produzido na sociedade efeitos avassaladores. Atualmente, os custos de acesso a essa tecnologia caem vertiginosamente, colocando diariamente nessa rede de comunicação milhares de novos usuários com seus interesses, desejos e dinheiro para gastar. Nesse âmbito, o potencial para o Brasil é imenso: hoje é possível estudar nos níveis fundamental, médio e superior de qualquer lugar com acesso à rede. Com esse recurso, milhares de obras clássicas de ciências e literatura podem ser impressas a baixíssimo custo. Além disso, muitas áreas de atuação, como análise de sistemas e ciências da computação têm todas as informações técnicas necessárias à formação de profissionais disponíveis online. Porém, o mesmo fenômeno que vai agregando novos usuários, produz uma massa de excluídos, que, sem condições financeiras ou interesse para acessá-la, compõe a população dos analfabetos digitais. O que fazer para tirar o máximo proveito desse novo paradigma para a sociedade brasileira?

Autores como Aurélio Galvão e Mauro da Silva criticam a lentidão do governo em prover aos mais pobres acesso a essa ferramenta. De fato, os custos de deixar excluída uma grande quantidade de jovens,cheios de vontade de explorar esses recursos para a promoção de sua própria ascensão social são muito maiores que os dos programas de inclusão digital. Prover esse acesso a quem quer aprender é o equivalente a distribuir meios de produção para o proletariado, atacando assim um dos grandes flagelos do capitalismo, que tem sido justamente de privar os produtores da propriedade de suas ferramentas e transferi-la ao capitalista. Iniciativas privadas, como a da CDI e de outras fundações, podem contribuir para a atenuação do problema, mas é preciso ter em vista que essa responsabilidade é majoritariamente do Estado.

Além disso, é preciso ressaltar também que, longe de ser um fenômeno reduzido às massas de pobres sem dinheiro para um computador conectado à internet, essa forma de exclusão atinge até poderosos como John McCain, candidato à presidência nos EUA, como tem constantemente dito o seu opositor, Barach Obama nesses tempos eleitorais. Essa constatação nos leva a perceber que os excluídos também podem contribuir para sua própria exclusão, já que de recursos McCain não carece. A partir desse fato, fica fácil imaginar que muitos políticos "analfabetos digitais" não enxergam o potencial que essa tecnologia pode imprimir à sociedade o que faria diminuir as seqüelas já discutidas.

Nunca antes na história tivemos disponível uma ferramenta de comunicação tão democrática e dinâmica quanto a internet. Usada de maneira inteligente, pode servir para aumentar a mobilidade social numa sociedade na qual milhões de pessoas nunca puderam aprender uma profissão. Dessa forma, é fundamental que, principalmente no âmbito governamental, projetos de inclusão social sejam implementados imediatamente, contribuindo para reduzir o legado de injustiças sociais propagadas pela sociedade brasileira desde os tempos de colônia.