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Conrado de Castro Valise
Criar Ituverava

A metade branca

No céu, as nuvens se dispõem, de tal maneira que é possível acreditar que a paz realmente existe. Mas, em questão de segundos, tudo pode se transformar em uma violenta tempestade com nuvens negras. Assim é o homem: hora a verdadeira semelhança divina, ora sua mera imagem vazia.

Fomos abençoados com o maior de todos os privilégios, o livre-arbítrio; podemos tanto criar quanto destruir. É justamente nesse ponto que está o impasse da humanidade, se devemos perdoar, como manda a religião, ou fazer justiça com as próprias mãos. O que acontece quando uma dessas índoles predomina sobre a outra?

"Amai-vos uns aos outros como eu vos amei", disse o sábio Jesus Cristo. O desejo de vingança assombrava os pensamentos de Bento Santiago. Por outro lado, Fabiano de Vidas Secas segurou sua raiva e perdoou o Soldado Amarelo por tê-lo humilhado. Boas e más índoles equilibradas compõem o mistério da ação humana. Equilibradas?

A sociedade de hoje vive em função do "olho por olho", principalmente quando não possui leis funcionais. As punições perderam seu objetivo quando o medo sobrepôs o respeito. A pena de morte tomou o lugar do temido "bicho-papão". O medo leva somente ao desespero, e caos é a última coisa do que precisamos no momento.

Não podemos deixar que o desejo de vingança impere. Devemos sim vingar e punir, como pregava Foucault, mas com consciência e responsabilidade. Somos o espelho dos céus, metade branco, metade negro. Se o lado obscuro predominou, precisamos, então, resgatar a essência divina e preencher nossa imagem; só assim restauraremos o "status quo".